SEMINÁRIO: Testemunho de Alexandre Ribeiro

«O Seminário é uma rampa que me lança à vida futura. Uma vida de serviço à comunidade, à vinha do Senhor. Esta vinha precisa de muitos trabalhadores entre os quais, os padres.
Eu não tenho medo de dar este testemunho. E tu!?»
 

 

 

“𝐒𝐞𝐧𝐡𝐨𝐫! 𝐃á-𝐦𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐬𝐚 á𝐠𝐮𝐚” (𝐉𝐨 𝟒,𝟏𝟓) [6º ano de Seminário]

Ao iniciar o sexto ano da caminhada, coloco-me diante da certeza de um olhar misericordioso e compassivo. Perante um olhar que vê em cada um de nós algo muito maior, que muitas vezes o nosso olhar mundano não permite vislumbrar. Ao longo dos anos, tenho vindo a questionar: o que Ele vê em mim que eu não vejo? É uma das questões cuja resposta ainda não encontrei. Parece que não vou encontrar. O que sinto é que Ele me chama a uma missão no serviço assente na entrega confiante e na fidelidade ao Evangelho: “Ide por todo o mundo, anunciai o evangelho” (Mc 16,15). 

Ao longo dos anos, muitos foram os troços da caminhada marcados pelo deserto, pelo silêncio gélido, pela floresta, pela dúvida, pela confusão, onde os lobos e os cordeiros se confundem (cf. Mt 10,16). A verdade é que muitos outros virão. São apenas alguns troços, algumas etapas, mas fortalecem-nos e abastecem-nos para a Caminhada. É quando nos sentimos famintos e sedentos que aprendemos a deixarmo-nos saciar à semelhança da mulher que dizia “𝐒𝐞𝐧𝐡𝐨𝐫! 𝐃á-𝐦𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐬𝐚 á𝐠𝐮𝐚, 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐮 𝐧ã𝐨 𝐭𝐞𝐧𝐡𝐚 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐬𝐞𝐝𝐞, 𝐧𝐞𝐦 𝐩𝐫𝐞𝐜𝐢𝐬𝐞 𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚𝐫 𝐚𝐪𝐮𝐢 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐭𝐢𝐫𝐚𝐫 á𝐠𝐮𝐚.” (𝐉𝐨 𝟒,𝟏𝟓). Quando o Senhor nos diz: Não temas! (Is 41,10) Vem! Segue-me! (Mt 19,21) é isto que nos oferece: a água... a Vida – “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (Jo 10,10). 

É na certeza que não estamos sós que as adversidades nos fazem crescer, evoluir e ter a certeza de que estamos no caminho certo. É quando estamos a esmorecer, que ganhamos consciência que sozinhos não conseguimos manter o pavio aceso – “Tenho sede”, (Gilberto Gil, “Tenho Sede,” https://www.youtube.com/watch?v=pYWGLsT9cPI) 𝐝á-𝐦𝐞 𝐝𝐞 𝐛𝐞𝐛𝐞𝐫! Estou a esmorecer, dá-me dessa cera, para que o meu pavio não se apague! 

É importante deixarmo-nos iluminar pelos outros, nos ajudar, para que, com a nossa cera, também nós possamos ser luzes que transmitem a Verdadeira Luz... a Vida – “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14, 6), diz o Senhor. “Sede fortes e corajosos! Não tenhais medo nem fiqueis aterrorizados” (Dt 31,6) o Senhor da Vida está convosco! 

E porque só podemos irradiar a Luz, se nos deixarmo-nos iluminar, peço ao Senhor da Luz, que é Caminho que nos leva à Vida, que nos conceda o dom da sede, da fome da Palavra, para que tenha sempre a necessidade de me alimentar da Palavra para que esta seja para mim a “lâmpada que ilumina os meus pés e luz que clareia o meu caminho” (Sl 119, 105). 

Agradeço ao Senhor pelo muito que me tem dado ao longo da minha vida: a família, os primeiros educadores na Fé que à semelhança de Maria me apresentaram no templo, no dia do meu batismo; à comunidade de Destriz que com o auxílio de Nossa Senhora da Assunção, nossa padroeira, se propuseram a caminhar e a educar na Fé; professores que me ensinaram e me ajudaram a crescer como cidadão e a saber navegar nas diferentes áreas do saber; colegas, que nas suas diferenças e particularidades me ajudaram a perceber que todos temos o nosso espaço, o nosso modo de pensar, de estar... temos que saber respeitar e lidar com a diferença numa atitude de crescimento e edificação mútuos de convivência e de amor fraterno; amigos, desenvolvendo a graça da cumplicidade, interajuda, da presença (muitas vezes indiscreta) nos momentos chave, o conforto sem saberem, em momentos sombrios, ... a palavra certa que muitas vezes nos fazem cair (na realidade) e outras nos levantam, ... aquele “abanão” que uma vezes dos despem do nosso orgulho e egoísmo e outras nos fazem acordar para a vida e por fim, os anónimos que no seu modo discreto me ajudam nas diversas formas. Estes são a presença do Espírito de Deus que sopra nas nossas vidas sem darmos por Ele. É a oração silenciosa, é a mão que ampara para não cairmos e a luz escondida que nos ilumina. A todos, muito Obrigado! 

Braga, 15 de setembro de 2022 

𝓐𝓵𝓮𝔁𝓪𝓷𝓭𝓻𝓮 𝓡𝓲𝓫𝓮𝓲𝓻𝓸

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