DIOCESE: Homilia de D. António da Missa Crismal

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTES

O Espírito do Senhor me ungiu e o Coração do Sagrado Coração de Jesus me amou.
1. Um bom dia de festa, acolhidos no amor, na doçura, na mansidão e na bondade que nos vem do Coração de Jesus!
Os meus parabéns! Estamos reunidos, como dizia a Palavra de Deus, porque Ele nos “prendeu”; e prendeu-nos no seu amor. Por isso nos “escolheu” (cf. Dt 7,6-11) e nos enviou a anunciar a boa nova. Perante as dificuldades, Jesus diz-nos: “O meu jugo é suave e a minha carga é leve” (Mt 11,30).
Caros sacerdotes, não tenhais medo; caros diáconos, não tenhais medo, nem vós, nem as vossas esposas, nem os vossos filhos, nem as vossas famílias. Querido povo de Deus que nos acompanhais através da Internet, nesta Solenidade do Santíssimo Coração de Jesus, rezai por mim, por todos os sacerdotes, pelos diáconos e pelos seminaristas.
Invoquemos todos a Deus, neste confinamento em que nem nos é possível contemplar o sorriso dos rostos, que revela também o amor, a bondade e a misericórdia do Senhor, de que nos fala hoje a liturgia.
Deixai-me agradecer-vos os gestos que tivestes para comigo através da oração e da comunhão, principalmente no dia 17, e todo o bem que tem acontecido connosco e para nós.
Por isso alegro-me no Senhor, convosco e com o Bom Pastor, por podermos vir a esta Eucaristia pela segunda vez, fora do contexto, mas ao jeito do amor que o Senhor coloca no coração de cada um de nós. Em Quinta Feira Santa ouvíamos estas palavras: “O Espírito do Senhor me ungiu (…)” (Is 61,1 e Lc 4,16). Eu hoje digo que Ele nos ungiu verdadeiramente, mas no Coração Sagrado de seu Filho nos amou e ama. Por isso ouvíamos no Evangelho: “Permanecei no meu amor” (Jo 15,9).
Queridos irmãos no ministério ordenado, dou graças a Deus por estarmos aqui reunidos neste dia tão esperado e desejado por cada um de nós. Também estamos com o nosso santo povo de Deus. Muitos nos acompanham e rezam por nós.
A nova fase que iniciamos requer de nós sabedoria, previsão e compromisso comum, para que todos os esforços e sacrifícios feitos até este momento não sejam em vão. Hoje como ontem, sentimos que “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo, e não há nada genuinamente humano que não encontre eco no seu coração” (Gaudium et Spes, 1).
Como conhecemos bem tudo isto, diz o Papa Francisco: “Todos escutámos os números e as percentagens que nos assolavam dia após dia; tocámos a dor do nosso povo com as mãos. O que ia chegando não eram dados distantes, e as estatísticas tinham nomes, rostos e histórias partilhadas”.
Como comunidade presbiteral, “não fomos estranhos a esta realidade e não ficámos a olhá-la pela janela; e encharcados pela tempestade que enfurecia”, caríssimos padres e diáconos, “usastes de todos os meios para estar presentes e acompanhar as vossas comunidades: vistes chegar o lobo e não fugistes nem abandonastes o rebanho (cf. Jo 10,12-13)”. Estas palavras são também do Papa Francisco; são oportunas para nós neste dia, neste momento e nesta festa, não só para nos mostrar a nossa comunhão e a unidade no amor, porque estamos também presos ao Senhor, mas porque, mesmo quando porventura o ministério se torna pesado, o seu jugo é suave e é leve. O bispo, os presbíteros e os diáconos e todo o povo de Deus que nos está confiado e também o Pastor da Igreja Universal, o Papa Francisco, a quem eu quero hoje convosco aqui, reiterar a fidelidade e a comunhão em dias tão difíceis na vida do mundo e da história da Igreja.
Nós estamos com Pedro e queremos seguir as orientações de Pedro. A fidelidade e a gratidão em momentos difíceis como estes para a própria Igreja e para a humanidade no contexto de pandemia, apela-nos a uma grande lição de liberdade e corresponsabilidade: “Estamos todos na mesma barca e ninguém se salva sozinho” (Papa Francisco).
Um grito profético falou no silêncio da tarde do dia 27 de março, na Praça de São Pedro em Roma, e deixou-nos o desafio para sermos verdadeiramente sacerdotes, diáconos, ministros ordenados, mostrando-nos a grandeza da missão e a vida de uma fé cristã que deve inundar o nosso coração. “Como comunidade presbiteral, somos chamados a anunciar e a profetizar o futuro, como a sentinela que anuncia a aurora que traz um novo dia (cf. Is 21,11)” (Carta do Santo Padre aos Sacerdotes da Diocese de Roma, 31 de maio 2020).
Como dizia a primeira leitura, nós somos um povo sacerdotal a quem foi confiado o pastoreio do povo de Deus. Por isso, para cuidar temos que estar próximo do rebanho. O Papa lembra que o pastor deve cheirar a ovelhas. “Coloquemos nas mãos feridas do Senhor, como oferta sagrada, a nossa fragilidade, a fragilidade do nosso povo, bem como a de toda a humanidade” (Papa Francisco).
2. Acreditamos que só o Senhor pode cuidar de nós e só Ele nos ensina a cuidar bem do próximo e com hospitalidade. Só Ele pode dizer: “Eu cuidarei das minhas ovelhas; sim, eu cuidarei, diz o Senhor” (cf. Ez 34,11-12 e Jo 10,11). Nós estamos a aprender e queremos aprender a cuidar do nosso rebanho.
O verbo cuidar é hoje muito atual e com amplitudes diversas, mas nós vamos utilizá-lo agora no sentido de uma vida humana com dimensão integral, onde tudo está centrado no Coração de Cristo, pois ninguém pode ficar de fora.
Ao lado do verbo cuidar temos que conjugar os verbos integrar, reencontrar, recomeçar, voltar a fazer de novo, “servir e amar”, na dimensão humana, psíquica, ética e espiritual. Tantas situações novas das quais nós temos de cuidar como bons samaritanos.
O nosso mundo precisa de sentir o conforto dos cuidadores, daqueles que estão na linha da frente, segundo as palavras do Evangelho: “Vinde a Mim, todos vós que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mt 11,28). Estas palavras de Jesus, que se dirigem a todos os batizados, são sobretudo para os que têm o ministério ordenado: o bispo, os sacerdotes, os diáconos, que têm a dupla responsabilidade de as viver para depois as colocarem ao serviço pastoral do povo que lhes está confiado.
A defesa da vida deve estar como prioridade na nossa pastoral, como afirmava há dias o novo presidente da Conferência Episcopal, a quem eu reitero de novo a minha comunhão e a unidade deste presbitério.
Sim, a defesa da vida humana deve estar na prioridade da nossa pastoral, lutando-se contra as desigualdades e formas emergentes de pobreza que estão a surgir como consequência da pandemia. Esta ainda não terminou e continua a afetar o nosso mundo, o nosso meio, onde os idosos e doentes graves parece não terem lugar.
Hoje mesmo éramos surpreendidos com a notícia do primeiro médico que morreu fruto da pandemia: que o Senhor o acolha no seu Reino. Como bispo, sacerdotes e diáconos devemos ajudar os nossos cristãos a fazer escolhas certas, para que a eutanásia não possa ser uma distração política e legislativa, perante tantos problemas urgentes que nos desafiam.
Durante a pandemia, os cristãos e pessoas de boa vontade mostraram um constante apelo a defender a vida. Não podemos permitir agora a construção de uma cultura de morte.
Não podemos permitir que, depois da pandemia Covid-19, que não sabemos quando vai terminar, surjam outras pandemias que já estão no terreno, como a pobreza, o desemprego, o mau uso dos recursos económicos e outras que continuam a fazer mais vítimas.
Aqui as palavras de Jesus dão-nos força: “Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25).
Sim, Pai, foi do teu agrado chamar os apóstolos e enviá-los às ovelhas perdidas da casa de Israel. Assim concedestes à Igreja o dom do ministério ordenado, para que todos aqueles que chamais sejam humildes servidores na vinha do Senhor.
Uma vinha que precisa de ser cuidada, tratada, evangelizada, que precisa de novos trabalhadores, de novos métodos e de novas respostas e também de novas vocações sacerdotais, para que a festa que estamos a viver produza o vinho bom, sinal de vida nova e da festa da alegria e da esperança que no mistério da Eucaristia Deus oferece a todos, como pão repartido para um mundo novo.
O rebanho que nos foi confiado precisa desta partilha de serviço, de ajuda e de solidariedade. Não abandonemos os pobres: partilhemos o pão para que não haja mais pobres. Não queremos que entre nós alguém perca a alegria de viver e de servir.
3. A Igreja, sinal e sacramento universal de salvação, precisa, nos nossos dias, de contagiar a humanidade com o bom odor do Coração de Cristo e a solidariedade da compaixão e da hospitalidade que brotam do Bom Pastor que dá a vida pelo seu próximo.
O bispo, reunido com os presbíteros e diáconos à volta do mesmo altar, celebra a Eucaristia na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, dando graças a Deus pelo dom da vocação sacerdotal e diaconal, assim como pelos bons frutos de caridade que cada um deve produzir, no exercício do ministério no qual nos santificamos.
Renovarmos as promessas sacerdotais leva-nos a descobrir a novidade do primeiro amor da nossa vocação. O dom da consagração, o dom da obediência e da fidelidade são imprescindíveis para a missão. O rito próprio da bênção dos Óleos dos Enfermos e dos Catecúmenos, e a Consagração do Santo Crisma serão um momento importante desta celebração para pedir a Deus as graças necessárias para que, pela ação dos sacramentos, todo o povo sacerdotal se santifique.
Somos um povo sacerdotal confinado. Vimo-nos privados de celebrar a Eucaristia com as nossas comunidades em momentos tão importantes para a vida espiritual da Igreja como foi a Quaresma e o Tempo Pascal. Na fé na morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo encontramos a fonte da vida que brota do Sagrado Coração de Jesus, como tanto gosta de cantar o nosso povo.
Durante a emergência pandémica, sentimos, na manhã de Quinta Feira Santa passada, o desalento das palavras: “Feriram o pastor e dispersaram o rebanho” (Mt 36, 31 e Mc 14, 27). Cada um confinado em sua casa estremeceu. Mas, como que despertando de um sonho, acordou e ouviu: “Eu te chamei, eu te escolhi, eu te enviei, eu te prendi”, dizia a primeira leitura, “para ires e dares muito fruto” (Jo 15, 16-17), para anunciares a boa nova aos pobres (cf. Lc 4,18).
Já em pleno dia ouvíamos de novo: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec” (Heb 7,17).
Adormeci e sonhei de novo o ideal da minha vocação sacerdotal, e isso fez-me cair na realidade da minha existência frágil.
Caríssimos padres e diáconos, ao partilhar convosco este meu sonho, eu sei porque estou no meio de vós, particularmente com aqueles que hoje estão a viver o seu jubileu.
Lembramos e agradecemos o dom e o dia da nossa ordenação presbiteral, diaconal ou episcopal, e rezamos pelo Bispo que nos impôs as mãos, nos consagrou e nos ungiu em nome de Jesus e da Igreja. Confiou-nos, através do Sacramento da Ordem, o dom de sermos membros de Cristo, sacerdote, profeta e rei; ministros do sagrado para sermos para os irmãos, “Alter Christus”, agindo em nome de Cristo para bem de todo o povo de Deus e da humanidade.
Sinto uma grande alegria em estar convosco nesta manhã, para voltarmos de novo a reunir-nos como irmãos em comunidade à volta do mesmo altar, dando graças a Deus e celebrando a Eucaristia.
Esta Eucaristia têm um sabor novo, diferente. Ela é, na verdade, o maior dom do Coração de Cristo; o grande gesto do seu amor por nós. Deus é amor! por isso lavou os pés aos apóstolos, instituiu o Sacerdócio ministerial e a Eucaristia.
4. A vocação presbiteral é um dom inestimável de Deus concedido à sua Igreja e um mistério (S. João Paulo II). Algumas das qualidades que devemos possuir como sacerdotes, lembradas pelo Papa Francisco, são: “humildade, simplicidade, caridade, proximidade, homem de escuta, alguém que sabe primeirear (saber fazer a escolha do que é prioritário na pastoral), amigo de Deus e do próximo, um cultivador da verdade, um semeador do rigor e da transparência, um homem honesto, sem uma vida dupla, alguém que sente e vive as dores e as angústias do seu povo em situações de conflito e num convívio sadio com o seu rebanho”.
Um pastor não abandona as suas ovelhas, mas sabe amar cada uma como ela é; conhece-as, ensina-as e defende-as dos ataques do inimigo.
Saber escolher e dar lugar ao essencial para não fazer o que não se deve, convida o padre a aproximar-se mais de Deus e do seu rebanho.
Se os sacerdotes não cuidarmos da nossa espiritualidade cristã e sacerdotal e da formação permanente, podemos contrair um vírus que contamine o presbitério e a própria comunidade que nos está confiada.
Alguns sacerdotes exercitam-se mais no mundanismo, dedicando-se a tarefas que não são do ministério sacerdotal e pastoral, lembra o Papa Francisco. Por exemplo, uma paróquia não pode ser só uma agência de viagens; ela tem a missão de ensinar, santificar e governar. Este é o fundamento da missão da Igreja.
A falta de fidelidade, de amor à pobreza, o não viver o celibato como dom, a perda do sentido da obediência, da gratuidade e da comunhão, da unidade, da partilha, da solidariedade e do caminho sinodal que estamos a viver, mesmo procurando este caminho com alguns sacrifícios, se não forem assumidos, enfraquecem a vida espiritual do nosso próprio presbitério.

5. O Jubileu sacerdotal e o problema das vocações na Igreja fazem-me hoje olhar para vós, caríssimos padres. Dou os meus parabéns àqueles que estão em jubileu, reforço esse propósito e também quero que seja extensivo às vossas famílias.
Os sacerdotes em jubileu, com os seus imensos serviços, serviram e servem na disponibilidade do amor e na alegria a Igreja.
–  Lembro o Padre Abel Ferreira Rodrigues, a celebrar 25 anos de sacerdócio.
– Lembro o Padre António Marques Alexandre, o Padre João Martins Marques, o Padre Manuel Gonçalves Fernandes e o Padre José Carlos da Silva Maia, que celebraram 50 anos de sacerdócio.
– Lembro o Padre António Lopes da Encarnação, o Padre Álvaro Ferreira Diogo e o Padre António Gomes de Matos, que celebram 60 anos.
– Lembro o Senhor Padre Custódio de Almeida Rocha, que nos dá este grande exemplo de, com 70 anos, estar no meio de nós.
Dou-vos os meus parabéns! Desculpai que hoje não enumere as vossas grandes virtudes e tarefas pastorais. Não o faço por exiguidade de tempo.
Agradeço às vossas famílias e por isso vos dou os parabéns, em meu nome pessoal, de todo o presbitério e de todo o povo de Deus, porque os maiores benfeitores de uma diocese são a família dos sacerdotes. Obrigado pelo vosso trabalho e pelo vosso testemunho. Sem famílias boas não temos bons jovens e sem bons jovens não teremos vocações.
Este júbilo de ação de graças sacerdotal, nesta Igreja particular de Viseu, leva-me a dizer ao Senhor um obrigado.
Uma Igreja particular sem sacerdotes tornar-se-ia um terreno inculto. Não estamos num terreno inculto, nem abandonado, nem num deserto, nem numa terra queimada, nem num mundo à deriva, nem em terra abandonada sem horizonte de futuro.
Termino com as palavras do Papa desenvolvidas na homilia dos 160 anos da Morte do Santo Cura d’Ars, apresentando-o a cada um de nós como modelo sacerdotal.
– A Gratidão: “Muito obrigado pela alegria com que soubestes dar a vossa vida mostrando (…) um coração agradecido. Ser Sacerdote segundo o Coração de Cristo significa revestir-se d’Ele até ao ponto de ter os seus mesmos sentimentos”.
– A Misericórdia: “Através dos degraus da misericórdia podemos descer até ao ponto mais baixo da condição humana – fragilidade e pecado incluídos – e subir até ao ponto mais alto da perfeição divina: «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso»”. A verdadeira porta da misericórdia é o Coração aberto de Cristo.
– A Compaixão: “Muito obrigado por todas as vezes em que (…) acolhestes os que tinham caído, curastes as suas feridas, oferecendo calor aos seus corações, mostrando ternura e compaixão como o Samaritano da parábola (cf. Lc 10,25-37)”. Obrigado por tudo o que fizestes em tempo de pandemia.
– A Vigilância: “Desiludidos com a realidade, com a Igreja ou connosco mesmos, podemos correr a tentação de nos agarrar a uma tristeza adocicada”, e, neste tempo de pandemia, ter medo do presente e do futuro pode ser um grande medo. Que o sacerdote seja sempre uma sentinela vigilante, sem o perigo do cansaço, porque o Coração de Jesus é o seu abrigo.
– A Coragem: “Para manter o coração corajoso é necessário não descurar estes dois vínculos constitutivos da nossa identidade”: o primeiro é Jesus. Nos tempos áridos, Ele nos ilumina e nos convida a sermos lâmpadas acesas no mundo de hoje. Não descuidemos o acompanhamento espiritual. O segundo é: “reforçai e alimentai o vínculo com o vosso povo”, no amor, como dizia a segunda leitura.
Maria, a Mãe do Sagrado Coração de Jesus, proteja cada um de nós com o seu Manto e nos faça “sacerdotes, segundo o coração de Cristo”. Particularmente aos que não podem estar connosco, aos que estão doentes e a todos aqueles que sentem o desânimo, que o Coração de Jesus os fortaleça: “O seu jugo é suave e a sua carga é leve”. Parabéns! Ámen.

Missa Crismal – Viseu, 19 de junho de 2020
António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu

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