NOTA PASTORAL: Alimentar a esperança na corresponsabilidade

A humanidade global ficou doente com o coronavírus COVID-19. Se no início da pandemia procurámos ser proativos nas medidas, agora, num estado de transição gradual para uma “nova normalidade”, queremos fazê-lo com liberdade e responsabilidade marcadas pela esperança.
É missão de cada um de nós – em estreita colaboração (pastores e povo de Deus) – participar de modo ativo em todo este processo, pois isso tem a ver com o nosso cuidado pastoral. Só assim conseguiremos criar as condições para um regresso seguro e feliz à celebração da fé em comunidade reunida. O que fizermos e como o fizermos demonstrará o nosso grau de empenho e de corresponsabilidade. Confiamos em todos, certos de que não deverá ser por negligência nossa que esta crise sanitária se agudize.
Tendo presente as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), de 8 de maio de 2020, da Direção Geral de Saúde (DGS) e das Autoridades de Saúde do ACES Dão Lafões e do CA ULS Guarda, a Diocese de Viseu publica as seguintes orientações pastorais para a reabertura das igrejas ao culto público e para o regresso à “nova normalidade” da vivência da fé.

1. Preâmbulo. Na impossibilidade de cumprir presencialmente o preceito dominical, convida-se à leitura orante da Palavra de Deus e à oração em casa, aproveitando-se a transmissão mediática das celebrações, também disponível para os que não podem ir à igreja por razões de saúde ou idade (cf. orientações da CEP, n.º 1).

2. Equipas de acolhimento. Querendo as nossas comunidades ser lugares de bom acolhimento, nesta situação de pandemia, deve constituir-se uma ou mais equipas de acolhimento, com a conveniente preparação. A sua missão não é, simplesmente, de vigilância e controlo, e muito menos de policiamento, mas a de cuidar que todos se sintam bem e que a saúde de ninguém seja posta em causa. Apele-se à comunidade a um compreensivo acolhimento das indicações que destas equipas vierem a receber.

3. Quanto às celebrações da Eucaristia, sigam-se as orientações da CEP, acrescentando-se o seguinte:
3.1. No início das celebrações, recordem-se aos fiéis as convenientes instruções para uma celebração em segurança sanitária.
3.2. Previamente, pelos meios ao alcance, lembre-se aos fiéis que devem usar máscara e, se possível, usar um aplicador pessoal de gel desinfetante.
3.3. Na procissão para a comunhão eucarística, os fiéis devem respeitar o distanciamento aconselhado. Se for útil, marcar-se-ão as distâncias no pavimento da igreja. Os ministros que a distribuem usarão máscara.
3.4. Se o espaço o permitir, para a distribuição da comunhão, poderá ser uma boa prática a deslocação do sacerdote ou dos ministros extraordinários da comunhão aos lugares onde se encontram os fiéis, ficando de pé apenas as pessoas que desejam comungar.
3.5. A Eucaristia deve ser celebrada na igreja. Poderá celebrar-se noutro espaço digno ou ao ar livre, desde que se assegure o cumprimento das normas sanitárias e a dignidade da celebração.

4. Outras celebrações:
4.1. Sendo a celebração da Eucaristia dominical e semanal a prioridade, todas as festas, as peregrinações, as romarias e as procissões estão suspensas até novas orientações. Excecionalmente, na Solenidade do Corpo de Deus, a celebração da Eucaristia pode ser concluída com a Bênção do Santíssimo Sacramento. 
4.2. Quanto à celebração do Sacramento do Batismo é desejável o adiamento, até novas orientações. Havendo motivos razoáveis para a sua celebração, cumpra-se a exceção dada nas orientações da CEP. Neste caso, privilegie-se a celebração fora da Eucaristia.
4.3. A celebração do Sacramento do Matrimónio fica adiada até novas orientações. A realizar-se por razões válidas, celebre-se na igreja, cumprindo-se as normas em vigor.
4.4. Quanto à celebração do Sacramento da Confirmação, fica adiada até novas orientações.
4.5. No que diz respeito à Unção dos Enfermos, deve realizar-se apenas nos casos de necessidade urgente. Nessas situações e tendo presente cada caso, proceda-se em conformidade com as orientações das Autoridades de Saúde do ACES Dão Lafões e com os números 60 a 62 das orientações da CEP, que se anexam.
4.6. Até indicações em contrário, fica suspensa a comunhão eucarística aos doentes. Algum caso excecional deverá ser avaliado e tratado com o pároco, tendo presentes as orientações das Autoridades de Saúde do ACES Dão Lafões.
4.7. Em relação ao Sacramento da Reconciliação, sigam-se as orientações da CEP.
4.8. A celebração dos Funerais, até novas orientações, continua a realizar-se exclusivamente no cemitério, com o melhor cuidado pastoral. Havendo a possibilidade de se celebrar uma Missa de sufrágio, aconteça em tempo oportuno a combinar com a família, respeitando as normas de segurança e dentro de convenientes critérios pastorais. Caso haja a necessidade premente da utilização de capelas mortuárias e seja possível garantir todas as normas sanitárias, observe-se o indicado pelas Autoridades de Saúde do ACES Dão Lafões em relação às exéquias fúnebres.

5. A Catequese deve continuar com os conteúdos disponíveis on-line, amplamente divulgados pelo Secretariado da Catequese, complementados pela criatividade dos catequistas, e mantendo-se como atividade não presencial até novas orientações. Todas as festas da catequese ficam adiadas para o ano de 2021.

6. Partilhar em Igreja. Promovamos nas nossas paróquias uma partilha verdadeiramente solidária, uma cultura de cuidado e uma pastoral de caridade ao serviço do próximo.
6.1. Estando atentos às consequências humanas, sociais e económicas provocadas pela pandemia, tornemo-nos uma Igreja mais «em saída» ao encontro das famílias ou pessoas em necessidade, através de um trabalho em rede de todos os agentes e instituições da pastoral social da Igreja, procurando também parcerias com outras instituições sociais.
6.2. Uma vez que a situação atual tem impedido a angariação dos recursos monetários habituais (ofertórios, côngrua, folar e outros), exorta-se a que cada família, dentro das suas possibilidades, procure assumir o seu dever de contribuir para as necessidades económicas da paróquia.

7. Considerações finais:
Exortamos ao cumprimento destas orientações com prudência, na paciência, na obediência e na esperança pascal.
Sugerimos que se faça a avaliação contínua do cumprimento destas normas em Arciprestado em comunhão hierárquica.
Agradecemos a todos aqueles que neste período entregam a sua vida pelo bem comum e contribuem para a defesa da vida de todos.
Exortamos à oração de sufrágio pelos que partiram, de modo particular pelas vítimas da pandemia, e unimo-nos aos familiares na sua dor e saudade.
Sob a proteção de Nossa Senhora da Saúde, confiemo-nos a Deus que atua em todos e em todos Se encontra. 

Viseu, 21 de maio de 2020

+ D. António Luciano dos Santos Costa

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