Da pastoral do acontecimento para uma pastoral do acompanhamento

IX Encontro Mundial de Famílias começa hoje em Dublin, com participação portuguesa.
A cidade de Dublin, na Irlanda, acolhe a partir de hoje o IX Encontro Mundial de Famílias (EMF) que vai juntar cerca de 30 mil participantes para refletir sobre a realidade e os desafios atuais.
Catarina e Nuno Fortes, da pastoral familiar do Patriarcado de Lisboa, são um dos casais presentes em Dublin e antes da partida sublinharam à Agência ECCLESIA a oportunidade de estar junto de famílias “diferentes da sua realidade” e no regresso incorporarem diversos testemunhos no seu trabalho.
“A vida familiar é uma realidade complexa com perturbações e alegrias. Tudo isto se integra na vida e é nestes contextos que precisamos trabalhar. A pastoral familiar faz-se não apenas para celebrar ocasiões belas, como é o caso dos sacramentos, mas para acompanhar as famílias nas inquietações e dificuldades”, sublinha Nuno Fortes.
O Papa Francisco junta-se aos participantes no sábado; antes acontece o Congresso com propostas de painéis variados que cruzam temas como a violência doméstica, o convívio com diferentes gerações, os desafios digitais, o acolhimento de imigrantes, os desafios da pobreza, vocações e discernimento nas famílias, o cuidado com crianças e adultos desprotegidos, entre tantos outros, numa certeza de que “o Papa conhece bem a realidade das famílias hoje”.
Catarina Fortes disse-nos que as propostas dos painéis são extraídas da Exortação Apostólica «A Alegria do Amor» que conduziu a preparação para o encontro e tem servido de guia para a pastoral familiar.
“Na Igreja não há receitas de sucesso, trata-se de um trabalho de «pesca à linha», caso a caso, indo ao encontro de cada realidade”, adverte, acrescentando que o facto de ser um trabalho “testemunhal” permite ir ao encontro de quem está fora “dos movimentos ou da dinâmica paroquial”.
O casal do Patriarcado de Lisboa desenvolve o seu trabalho na formação de novos agentes de pastoral familiar e procuram focar o respeito por “ritmos e sensibilidades diferentes”.
“O que nos é proposto é que o acompanhamento pastoral utilize um discernimento associado a duas mãos: uma que ensina e outra que acolhe”, indica Nuno Fortes.
Mais do que uma pastoral de acontecimento “que promove atividades”, indica o participante português, “é uma pastoral transversal que pretende colaborar com as demais pastorais na Igreja”.
A reflexão em torno da família que o Papa Francisco tem desencadeado é para Nuno Fortes, uma oportunidade e uma necessidade.
“Não podemos nunca de deixar de alimentar a família, célula base da Igreja e da sociedade” sem deixar de escutar os apelos do Papa para acompanhar “situações e fragilidades concretas”.
“A sociedade ouve o Papa Francisco. Ele tem o dom de saber comunicar Deus à sociedade. Que bom que é ter a família no centro e podemos falar do importante que é ser família, do seu poder evangelizador e também sujeito de evangelização”, afirma a participante portuguesa.
A riqueza de encontros internacionais, como o que estão a viver em Dublin, traduz-se na “visão mundial de uma Igreja”, no “estarmos juntos na rua, na alegria de ouvir testemunhos e conferências de pessoas que trabalham áreas específicas da família, que estão tecnicamente mais habilitadas a tratar alguns assuntos que precisam de acompanhamento técnico”, enfatiza Catarina Fortes que não diminui a importância de uma dimensão pessoal.
«O Evangelho da família, alegria para o mundo» é o tema do IX Encontro Mundial de Famílias; a organização prevê cerca de 500 mil na eucaristia de encerramento em Phoenix Park, presidida pelo Papa Francisco, este domingo.
G.I./Ecclesia:LS

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