“Estamos a chegar ao fundo e ao limite da insensatez”
A frase é de D. Ilídio Leandro, Bispo da Diocese de Viseu, acerca do
recente atentado em Nice, França, na noite de 14 de julho (Dia Nacional
do país). A conversa com o Bispo foi anterior ao atentado em Munique,
Alemanha, em 22 de julho, que provocou a morte de dez pessoas, incluindo
o atirador e ao atentado que vitimou um sacerdote, na Normandia.
À margem de um encontro preparatório para as celebrações dos 500 anos
da Dedicação da Catedral (no passado sábado, 23 de julho), o Bispo de
Viseu não deixou de expressar a sua consternação pelo sucedido. “É um
problema muito grave, que nos surpreende pela forma como acontece. Já
não se usam meios bélicos que, à partida, possam ser previstos e
detetados pelas autoridades. Este atentado trouxe uma surpresa: a
utilização de meios mais comuns [camião abalroando pessoas] e sem
qualquer tipo de pedagogia bélica”.
Ilídio lembrou que este atentado foi cometido sobre pessoas que não
estavam a promover manifestações ou a “agredir ideias, mas sim pessoas
que [estavam] numa celebração, numa festa e que, de uma forma
imprevista e inaudita, [foram] trucidadas. Perante este facto, o Prelado
declarou que “há grupos extremistas, seguindo valores que são
antivalores, valores totalmente desumanos e que usam de todos os meios, e
atacam, sobretudo na Europa, sem receio de serem mortos”.
Tempo de reflexão
O atentado de Nice aconteceu poucos meses depois de França ter
testemunhado um outro ataque, igualmente reivindicado pelo Daesh, o
autoproclamado Estado Islâmico. Na noite de 13 de novembro de 2015,
Paris, capital do país, foi palco de vários atentados de que resultaram
137 mortos, incluindo os sete terroristas.
Questionado sobre qual deve ser a postura dos líderes europeus e
mundiais sobre estes sucessivos ataques, o Bispo de Viseu disse querer
“acreditar que todos estes acontecimentos fazem pensar a Europa e o
Mundo, e fazem interrogar o que é que faz falta à Europa e ao Mundo para
que, de facto, valores absolutamente essenciais à relação entre as
pessoas, à sua coabitação, à existência do mundo e da civilização. Temos
que nos interrogar sobre como é que esses valores primários e
fundamentais numa sociedade civilizada podem reverter”.Ilídio Leandro
disse que deseja “acreditar que estamos a chegar ao fundo e ao limite da
insensatez e da capacidade de, batendo no fundo e no limite do mal,
poder encontrar formas de reconversão, de reorganização e de refazer
valores perdidos, entre os quais está o da Europa judaico-cristã,
fundada em valores humanos e cristãos”, concluiu.
Comentários
Enviar um comentário