Comunidade ecuménica
recorda o seu fundador. Primeiro, a quietude do final de tarde. Uma luz
coada pelas nuvens e pelo pôr-do-sol, que aqueceu o dia até aí fresco.
Enquanto a multidão deixava o
prado provisoriamente convertido em jardim de oração, cantava-se a
poesia de Teresa d’Ávila (cujos 500 anos de nascimento se celebram este
ano): “Nada te turbe, nada te espante, quién a Dios tiene, nada le
falta...”
Nada falta a quem está em Deus. E, com quase nada, as cerca de cinco mil pessoas que, no domingo, ao final do dia, estavam em Taizé (região da Borgonha, no sudeste de França), fizeram um momento de oração rico de símbolos e imagens.
Celebrava-se a memória dos dez anos da morte do irmão Roger, fundador da comunidade de Taizé, que, no domingo, se completaram. Também este ano, a comunidade assinala os 100 anos do nascimento do seu fundador e os 75 anos da sua chegada à aldeia.
Com o tempo, o sonho inicial do irmão Roger, de construir uma pequena
comunidade que fosse sinal de fraternidade num mundo e num cristianismo
divididos, transformou-se numa experiência pioneira no cristianismo.
Hoje, Taizé congrega uma centena de monges católicos e de diversas
tradições protestantes. Nada falta a quem está em Deus. E, com quase nada, as cerca de cinco mil pessoas que, no domingo, ao final do dia, estavam em Taizé (região da Borgonha, no sudeste de França), fizeram um momento de oração rico de símbolos e imagens.
Celebrava-se a memória dos dez anos da morte do irmão Roger, fundador da comunidade de Taizé, que, no domingo, se completaram. Também este ano, a comunidade assinala os 100 anos do nascimento do seu fundador e os 75 anos da sua chegada à aldeia.
Entre os participantes das celebrações deste fim-de-semana, contam-se uma centena de responsáveis de diferentes igrejas e comunidades cristãs (incluindo o patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e o bispo da Igreja Lusitana, D. Jorge Pina Cabral). E ainda alguns líderes judeus, muçulmanos, budistas e hindus.
Com quase nada, como gostava de lembrar o irmão Roger, é possível fazer muito. Também um momento de oração intenso. O prado à entrada de Taizé, em frente da pequena igreja românica da aldeia, transformara-se, desde há dias, numa grande exposição de arte a céu aberto.
Ali se mostram tapeçarias dos índios Dakota norte-americanos, tapetes latino-americanos ou asiáticos, um parque infantil construído com material reciclado, canteiros de flores feitos a partir de pneus, uma árvore da vida construída em papel...
Neste fim de tarde de sábado, esse foi o lugar para reconciliar a arte, as pessoas, a natureza, a espiritualidade.
A oração foi, antes de mais, uma festa da luz. No sol e nas velas, nos rostos e nos corações, nos telemóveis e máquinas fotográficas que procuravam guardar a beleza daquele instante.
Após o primeiro momento entre a natureza, fez-se uma procissão de cânticos pela aldeia, que passou por entre as casas e junto da igreja românica onde a aventura começou.
No pequeno cemitério ao lado da igreja, repousam já os restos mortais do irmão Roger e de outros irmãos da comunidade. Várias pessoas saíam por momentos do percurso e iam recolher-se em oração junto da campa rasa, coberta de flores, ou dentro da pequenina igreja.
Há 75 anos, Taizé era um deserto. O que levou um casal de idosos a pedir ao então jovem pastor protestante: “Fique connosco, que estamos aqui muito sozinhos.”
Hoje, Taizé transformou-se num oásis espiritual, procurado semanalmente por milhares de jovens de todo o mundo.
Quando aqui passou, em 1986, o Papa João Paulo II usou uma metáfora semelhante: “Passa-se por Taizé como se passa perto de uma fonte. O viajante pára, mata a sede e continua o seu caminho. Os irmãos da comunidade, como sabeis, não querem deter-vos. Querem, na oração e no silêncio, permitir-vos beber a água viva prometida por Cristo, que conheçais a sua alegria, que reconheçais a sua presença, que respondais ao seu chamamento, e depois que torneis a partir para dar testemunho do seu amor e servir os vossos irmãos nas vossas paróquias, nas vossas cidades e aldeias, nas vossas escolas, nas vossas universidades e em todos os vossos locais de trabalho.”
O terceiro momento foi já dentro da Igreja da Reconciliação. A noite caía enquanto as velas se iam multiplicando para receber o texto do Evangelho: “Depois da ressurreição de Jesus, os discípulos regressaram a Jerusalém, com grande alegria. E estavam continuamente no templo a bendizer a Deus.”
No domingo, a partir das 16h (15h de Lisboa), decorreu o momento culminante desta semana, que a comunidade dedicou às “novas solidariedades”. No mesmo prado, são esperadas umas sete mil pessoas para uma oração de acção de graças pela vida do irmão Roger. Pelo mundo todo, muitos mais recordarão esse homem frágil que lhes iluminou as vidas.
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