Apelo do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz: Globalizar a fraternidade, nã

Na sua Mensagem para o XLVIII Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco apela à globalização da fraternidade, para combater a escravidão e a indiferença. O 1º de janeiro é, desde há 48 anos, o Dia Mundial da Paz e merece anualmente uma Mensagem do Papa.
Na deste ano, o Papa Francisco faz “ardentes votos de paz”, acompanhando-os “com a minha oração a fim de que cessem as guerras, os conflitos e os inúmeros sofrimentos provocados quer pela mão do homem quer por velhas e novas epidemias e pelos efeitos devastadores das calamidades naturais.”
O Papa considera que, para o desenvolvimento da pessoa humana, “é fundamental que sejam reconhecidas e respeitadas a sua dignidade, liberdade e autonomia”. Lamentavelmente, diz o Papa, “o flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade”. Chama a tudo isto “fenómeno abominável” e apela a que “possamos considerar todos os homens, «já não escravos, mas irmãos», pois “a fraternidade constitui a rede de relações fundamentais para a construção da família humana”
Considerando a escravatura um “delito de lesa humanidade” o Papa lamenta que “apesar de a comunidade internacional ter adoptado numerosos acordos para pôr termo à escravatura, ainda hoje milhões de pessoas – crianças, homens e mulheres de todas as idades” – sejam “privadas da liberdade e constrangidas a viver em condições semelhantes às da escravatura escravizados nos mais diversos sectores, desde “trabalho doméstico ao trabalho agrícola, da indústria manufactureira à mineração”
Referindo-se aos migrantes o Papa lembra os que “padecem a fome, são privados da liberdade, despojados dos seus bens ou abusados física e sexualmente detidos em condições às vezes desumanas circunstâncias sociais, políticas e económicas impelem a passar à clandestinidade aceitam viver e trabalhar em condições indignas” - «trabalho escravo». Referência especial lhe merecem as “pessoas obrigadas a prostituírem-se, muitos menores, e como escravas e escravos sexuais; também as “mulheres forçadas a casar-se, menores e adultos, são objecto de tráfico e comercialização para remoção de órgãos, para ser recrutados como soldados, para servir de pedintes, para actividades ilegais como a produção ou venda de drogas, ou para formas disfarçadas de adopção internacional raptados e mantidos em cativeiro por grupos terroristas, servindo os seus objectivos como combatentes”, refere o Papa Francisco.
Ele afirma que “na raiz da escravatura, está uma concepção da pessoa humana que admite a possibilidade de a tratar como um objecto”.
Elenca, depois, “outras causas, como a pobreza, o subdesenvolvimento e a exclusão, “especialmente quando os três se aliam com a falta de acesso à educação ou com uma realidade caracterizada por escassas, se não mesmo inexistentes, oportunidades de emprego”.
A “corrupção das forças da polícia, de outros actores do Estado ou de variadas instituições, civis e militares” é também apontada pelo Papa entre as “causas da escravidão”, aliada “aos conflitos armados, às violências, à criminalidade e ao terrorismo.”
Recordando as “muitas congregações religiosas, especialmente femininas” o Papa realça o trabalho que “realizam silenciosamente, há tantos anos, a favor das vítimas” da escravidão moderna.
A terminar a sua Mensagem, o Papa Francisco afirma que “faz falta também um tríplice empenho a nível institucional: prevenção, protecção das vítimas e acção judicial contra os responsáveis”, pois “a acção para vencer este fenómeno requer um esforço comum e igualmente global por parte dos diferentes actores que compõem a sociedade”.
Recorda que “os Estados deveriam vigiar por que as respectivas legislações nacionais sobre as migrações, o trabalho, as adopções, a transferência das empresas e a comercialização de produtos feitos por meio da exploração do trabalho sejam efectivamente respeitadoras da dignidade da pessoa” e apela à “responsabilidade social das empresas”, e à “responsabilidade social do consumidor”, pois «comprar é sempre um acto moral, para além de económico», recorda o Papa.
G.I.

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