O Papa Francisco falou da sua relação com o Papa emérito e revelou que não faz férias fora de casa há quase 40 anos. Ele voltou ontem a admitir a hipótese de renunciar ao pontificado se lhe faltarem as “forças”, elogiando o exemplo dado pelo Papa emérito Bento XVI, que visitou antes da viagem à Coreia do Sul.
“Penso que um Papa emérito não é uma exceção, mas depois de tantos séculos este é o primeiro”, disse aos jornalistas, no voo de regresso a Roma desde Seul.
Segundo Francisco, a renúncia de Bento XVI foi um “belo gesto de nobreza e também de humildade e de coragem”.
“Há 70 anos os bispos eméritos eram uma exceção, não existiam. Hoje os bispos eméritos são uma instituição. Eu penso que ‘Papa emérito’ é já uma instituição, porque a nossa vida se prolonga e numa certa idade já não há capacidade de governar bem, porque o corpo se cansa”, precisou.
“Repito: talvez algum teólogo me dirá que isto não está certo, mas eu penso assim.
Os séculos dirão se é assim ou não, veremos. Podem dizer-me: ‘E se você, um dia, não sentir forças para seguir em frente? Farei o mesmo, farei o mesmo (renunciar ao pontificado). Rezarei muito, mas farei o mesmo”, adiantou.
Segundo Francisco, Bento XVI abriu uma porta que é “institucional, não excecional”.
“A nossa relação é de irmão, verdadeiramente, mas eu já disse também que me sinto como se tivesse o avô em casa, por causa da sua sabedoria”, prosseguiu.
Os jornalistas questionaram o Papa sobre as suas férias e este disse que as passou “em casa” como faz desde 1975, porque é “apegado” ao seu habitat.
Francisco disse que aprendeu que tem de ser “prudente” no seu ritmo de trabalho e que vive com mais “naturalidade” a popularidade que ganhou.
“Se me sinto prisioneiro? Não. No início sim, mas depois caíram alguns muros. Por exemplo: o Papa não podia usar o elevador sozinho, porque alguém vinha imediatamente para o acompanhar”, relatou Francisco, que destacou a importância da “normalidade” no seu dia-a-dia.
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