Papa emérito dá entrevista a respeito da futura canonização do beato polaco.
O Papa emérito Bento XVI concedeu a sua primeira entrevista após ter
renunciado ao pontificado, em fevereiro de 2013, para recordar o seu
predecessor, João Paulo II que vai ser canonizado a 27 de abril.
Bento XVI recorda ter dito ao Papa polaco que tinha de “descansar”,
ao que este lhe respondia que o podia fazer “no céu”, para sublinhar a
necessidade de entender a vida de Karol Wojtyla (1920-2005) “a partir da
sua relação com Deus”.
“Tornou-se para mim cada vez mais claro que João Paulo II era um santo”, revela.
Foi Bento XVI a beatificar
o seu predecessor, a 1 de maio de 2011, após ter dispensado o período
canónico de cinco anos de espera após a morte para iniciar o processo de
canonização.
A entrevista vai ser publicada num livro intitulado ‘Ao lado de João
Paulo II’ (Edições Ares), por ocasião da cerimónia de canonização,
marcada para o Vaticano.
“Só a partir da sua relação com Deus é possível perceber o seu
incansável empenho pastoral. Deu-se com uma radicalidade que não pode
ser explicada de outra forma”, refere o Papa emérito.
Bento XVI, enquanto cardeal, foi um dos mais diretos colaboradores do
Papa polaco ao longo de mais de duas décadas, enquanto prefeito da
Congregação para a Doutrina da Fé, acabando por ser eleito como seu
sucessor, em abril de 2005.
“Percebi de imediato o fascínio humano que dele emanava e como
rezava, compreendi como estava profundamente a Deus”, recorda o Papa
emérito.
Joseph Ratzinger diz que a colaboração com João Paulo II foi sempre
marcada pela “amizade e afeto”, lembrando os desafios levantados pela
‘Teologia da Libertação’, na América Latina, por exemplo.
“A fé cristã era usada como motor para este movimento revolucionário,
transformando-a assim numa força de tipo político”, precisa.
Bento XVI destaca ainda os desafios levantados pela necessidade de
promover uma “correta compreensão” do ecumenismo, do diálogo
inter-religioso e da relação entre Igreja e Ciência.
Na última parte da entrevista, o Papa emérito coloca em relevo a sua relação de proximidade com o futuro santo.
“Muitas vezes teria tido motivos suficientes para culpar-me ou pôr
fim à minha missão de prefeito, mas apoiou-me sempre com uma fidelidade e
uma bondade inexplicáveis”, lembra.
Bento XVI destaca, a este respeito, a declaração
‘Dominus Jesus’, sobre a unicidade e a universalidade salvífica de
Jesus Cristo e da Igreja, que provocou um “turbilhão de reações” e
mereceu uma defesa “incondicional” de João Paulo II.
O Papa emérito destaca que nunca teve intenção de “imitar” o seu
predecessor, mas diz que procurou “levar por diante a sua missão e a sua
herança”.
“Estou certo de que ainda hoje a sua bondade me acompanha e a sua bênção me protege”, conclui.
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