Bispos criticam «banalização» do aborto e «facilitação extrema» do divórcio-

 Cardeal-patriarca fala em «situação preocupante» que exige mudanças.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) criticou hoje a “banalização” do aborto e a “facilitação extrema” do divórcio, alertando para as consequências da atual legislação sobre o futuro das famílias.
“A legalização do aborto e sua banalização desvalorizam a vida e contrariam radicalmente a promoção do bem essencial da mesma”, assinala o comunicado final da assembleia plenária, que decorreu em Fátima desde segunda-feira.
D. José Policarpo, presidente da CEP, disse aos jornalistas que as mulheres vivem uma situação "dramática" quando decidem abortar e criticou a ausência do aconselhamento que está previsto na lei.
"Isso não tem acontecido", lamentou.
O cardeal-patriarca apelou a um "trabalho de ternura, mas também de responsabilidade" junto das populações mais jovens.
Os bispos aprovaram uma nota pastoral intitulada ‘A força da família em tempos de crise’ e sustentam que “a facilitação extrema do divórcio e as formas de convivência marital precária dificultam a decisão de ter filhos”.

Em comunicado, a Conferência Episcopal sublinha que “a Igreja, que defende a indissolubilidade do casamento, deve ser acolhedora e solícita na ajuda às pessoas que experimentaram o fracasso do seu casamento”.
D. José Policarpo assumiu que se está perante um “tema recorrente” nas preocupações dos “principais responsáveis” católicos e que o assunto foi referido nas “prioridades” do Papa Francisco.
“Uma coisa é ter uma consideração muito grande, dar o apoio possível, a nossa ternura a famílias que estão a lutar por ser famílias, outra é desconhecer as dimensões, as regras sacramentais” da Igreja, prosseguiu o patriarca de Lisboa.
O cardeal português aludiu ainda ao “panorama preocupante” por causa da crise de natalidade e disse ser natural pedir aos governantes que “não agravem a situação” com sobrecargas fiscais.
“A presente crise demográfica torna patente uma sociedade em envelhecimento progressivo, com as graves consequências na sustentabilidade dos apoios sociais para a saúde e o tempo de vida pós-laboral”, assinala o texto conclusivo da assembleia plenária.
Segundo os bispos, para “vencer a crise demográfica é urgente uma nova mentalidade e cultura que ultrapasse o cansaço moral e a falta de confiança no futuro”, para além de medidas fiscais que “promovam o emprego juvenil e facilitem a vida aos casais que desejem ter mais filhos”.
A nota pastoral apresenta a família como “como um bem insubstituível, fonte básica do capital humano, social e espiritual de uma sociedade, a primeira e mais básica de todas as instituições”. “No contexto da presente crise económica e social, vem ressaltada a importância da solidariedade familiar, o primeiro e mais seguro apoio de quem se encontra com graves problemas como o desemprego e a falta de recursos para a satisfação das necessidades básicas da alimentação, habitação e educação”, refere a CEP.
Os bispos admitem que a situação de crise económica e social tem provocado “desalento e falta de perspetivas de futuro”.
“É esta a mensagem que queremos transmitir, como antídoto a esse desalento e como ajuda à superação dessa crise: que a família seja reconhecida e apoiada na missão social que só ela pode desempenhar”, conclui a nota, hoje publicada.

Comentários