Ritos da inauguração do pontificado

Papa cumprimentou fiéis antes de celebração que começou com a entrega do anel do pescador e do pálio petrino.

O Papa Francisco chegou hoje à Praça de São Pedro por volta das 08h50 (menos uma em Lisboa), a bordo de um automóvel aberto, para cumprimentar os fiéis que o esperavam antes da missa de inauguração do pontificado.
A celebração, na qual o novo bispo de Roma recebe  o anel do pescador e o pálio, insígnias de autoridade, reúne dezenas de milhares de pessoas na Praça de São Pedro, com muitas bandeiras da Argentina e outros países, incluindo Portugal, Angola e Brasil.
O Papa acenou à multidão, sorridente, beijou algumas das crianças e, ao sair do papamóvel, cumprimentou um doente paralítico, sob os aplausos dos presentes.
A cerimónia é concelebrada pelos cardeais e patriarcas orientais presentes em Roma, bem como os superiores gerais dos franciscanos e dos jesuítas.
O primeiro momento da celebração decorreu sobre o túmulo de São Pedro, onde Francisco rezou em silêncio, com dez patriarcas das Igrejas Orientais católicas, saindo em procissão acompanhados por dois diáconos com o anel e o pálio ali colocados na noite anterior.
A procissão até ao exterior decorreu ao som das ‘Laudes Regiae’ (louvor ao rei, em honra a Cristo), na qual se invocam vários santos, em particular os que foram Papas.
 O anel do pescador (anulus piscatoris) faz parte das insígnias oficiais do Papa, enquanto sucessor do Apóstolo Pedro, pescador da Galileia, localidade israelita onde nasceu o discípulo de Jesus.
O decano (presidente) do Colégio Cardinalício, D. Angelo Sodano, colocou o anel na mão direita do novo Papa antes da missa, segundo o novo ritual aprovado por Bento XVI.
O anel do pescador escolhido por Francisco é obra do italiano Enrico Manfrini, falecido em 2004, tem uma representação de São Pedro com as chaves e é feito em prata dourada: a obra foi uma das propostas apresentadas pelo mestre das celebrações litúrgicas da Santa Sé, que o recebeu de um dos secretários de Paulo VI (1897-1978).
Durante a cerimónia, o Papa recebeu ainda das mãos do cardeal protodiácono, D. Jean-Louis Tauran, o pálio petrino (estola branca de lã com cruzes vermelhas que representam as chagas de Cristo), igual ao de Bento XVI, uma insígnia litúrgica de “honra e jurisdição” usada pelos  bispos de Roma desde o século IV.
Uma representação de seis membros do Colégio Cardinalício vai simbolicamente prestar a sua “obediência” a Francisco.
A missa de início do “ministério petrino” decorre na Praça de São Pedro, onde estava o circo do imperador romano Nero, responsável pelo martírio do apóstolo, por volta do ano 64.
A celebração em latim vai contar a proclamação do evangelho em grego e orações em russo, árabe e chinês, entre outras línguas; 500 padres distribuirão a comunhão.
A Santa Sé anunciou que a missa não terá a presença de Bento XVI, Papa emérito, mas conta com delegações de outras Igrejas cristãs e religiões, além de chefes de Estado como o presidente português, Aníbal Cavaco Silva, que esteve em conversa com a sua homóloga brasileira, Dilma Rousseff.
Entre os líderes religiosos conta-se o Patriarca ecuménico (Igreja Ortodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu, o que acontece pela primeira vez desde o cisma que separou católicos e ortodoxos em 1054.
Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, foi eleito como novo Papa, na quarta-feira, e escolheu o nome de Francisco.

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