Missa de inauguração do pontificado, sem a presença de Bento XVI, tem simbolismo ligado ao Apóstolo Pedro.
O Papa
Francisco vai receber esta terça-feira o anel do pescador e o pálio,
insígnias de autoridade, antes da missa de inauguração do seu
pontificado, na Praça de São Pedro, que vai reunir dezenas de milhares
de pessoas.
A cerimónia tem início marcado para as 09h30 locais (menos uma em
Lisboa) e será concelebrada pelos cardeais e patriarcas orientais
presentes em Roma, bem como os superiores gerais dos franciscanos e dos
jesuítas.
O primeiro momento da celebração decorre sobre o túmulo de São Pedro,
onde Francisco vai rezar em silêncio, com dez patriarcas das Igrejas
Orientais católicas, saindo em procissão acompanhados por dois diáconos
com o anel e o pálio ali colocados na noite de hoje.
A procissão até ao exterior vai decorrer ao som das ‘Laudes Regiae’
(louvor ao rei, em honra a Cristo), na qual se invocam vários santos, em
particular os que foram Papas.
O anel do pescador (anulus piscatoris) faz parte das insígnias
oficiais do Papa, enquanto sucessor do Apóstolo Pedro, pescador da
Galileia, localidade israelita onde nasceu o discípulo de Jesus.
O decano (presidente) do Colégio Cardinalício, D. Angelo Sodano,
colocará o anel na mão esquerda do novo Papa antes da missa, segundo o
novo ritual aprovado por Bento XVI antes de renunciar ao pontificado.
A primeira referência documental a esta insígnia aparece no ano de
1256, numa carta de Clemente IV a um sobrinho, na qual declara que os
Papas costumavam selar as suas cartas privadas com “o selo do pescador”.
Aquando da morte ou renúncia de um Papa, o anel é inutilizado, num
gesto que hoje tem o significado de sublinhar que no período da Sé
Vacante ninguém pode assumir prerrogativas próprias do bispo de Roma.
Durante a cerimónia, o Papa receberá ainda o pálio petrino (estola
branca de lã com cruzes vermelhas que representam as chagas de Cristo),
igual ao de Bento XVI, uma insígnia litúrgica de “honra e jurisdição”
usada pelos bispos de Roma desde o século IV, que lhe vai ser imposta
pelo cardeal protodiácono, D. Jean-Louis Tauran.
Uma representação de seis membros do Colégio Cardinalício vai
simbolicamente prestar a sua “obediência” a Francisco; o gesto será
repetido por representantes do resto da Igreja Católica na tomada de
posse da catedral de Roma, a basílica de São João de Latrão, em data a
definir.
A missa de início do “ministério petrino” decorre na Praça de São
Pedro, onde estava o circo do imperador romano Nero, responsável pelo
martírio do apóstolo, por volta do ano 64.
A celebração em latim vai contar a proclamação do evangelho em grego e
orações em russo, árabe e chinês, entre outras línguas; 500 padres
distribuirão a comunhão.
A Santa Sé anunciou que a missa não terá a presença de Bento XVI,
Papa emérito, mas conta com delegações de outras Igrejas cristãs e
religiões, além de chefes de Estado como o presidente português, Aníbal
Cavaco Silva.
Entre os líderes religiosos conta-se o Patriarca ecuménico (Igreja
Ortodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu, o que acontece pela primeira
vez desde o cisma que separou católicos e ortodoxos em 1054.
Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, foi eleito como novo Papa, na quarta-feira, e escolheu o nome de Francisco.
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