Papa alerta para «feridas» da humanidade e pede resposta dos católicos

Francisco presidiu à missa de Domingo de Ramos, que dá início à Semana Santa, a mais importante do calendário católico

O Papa Francisco alertou hoje no Vaticano para as “feridas” que atingem a humanidade e pediu uma resposta dos católicos, a partir da “alegria” da sua fé.
“Olhemos à nossa volta…Tantas feridas infligidas pelo mal à humanidade: guerras, violências, conflitos económicos que atingem quem é mais fraco, sede de dinheiro, de poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida humana e contra a criação”, disse, na homilia da missa do Domingo de Ramos, celebração que dá início à Semana Santa.
O Papa argentino sublinhou que “ninguém pode levar” o dinheiro consigo e, num tom pessoal, lembrou um ensinamento da sua avó a este respeito: “A mortalha não tem bolsos”.
Francisco recordou que Jesus despertou “muitas esperanças”, especialmente nas pessoas “humildes, simples, pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo” e soube compreender as “misérias humanas”.
“Por favor, não deixem que vos roubem a esperança. Não deixem que roubem a esperança, aquela que Jesus nos dá”, apelou.

O Papa aludiu ainda aos “pecados pessoais” como “as faltas de amor e respeito para com Deus, com o próximo e com a criação”, frisando que é possível “vencer o mal” que existe em cada um e no mundo.
“Não devemos acreditar naquilo que o Maligno nos diz: não podes fazer nada contra a violência, a corrupção, a injustiça, contra os teus pecados! Não devemos jamais habituar-nos ao mal”, apelou.
Neste contexto, Francisco convidou os católicos a olhar “não só para o alto, para Deus, mas também para baixo, para os outros, para os últimos”.
“Não devemos ter medo do sacrifício. Pensai numa mãe ou num pai: quantos sacrifícios! Mas porque os fazem? Por amor. E como os enfrentam? Com alegria, porque são feitos pelas pessoas que amam.
O sucessor de Bento XVI desafiou os fiéis a viverem a “alegria” da sua fé, por considerar que um cristão não “poder ser nunca” um homem ou mulher “triste”.
“Nunca vos deixeis invadir pelo desânimo”, pediu, defendendo a importância de “levar a vitória da Cruz de Cristo a todos e por toda a parte”, sem medo de ir ao encontro dos outros.
Segundo o Papa, a alegria dos cristãos nasce do facto de terem encontrado “uma pessoa, Jesus”, que os acompanha “mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que parecem insuperáveis… e há tantos”.
O Papa foi acolhido por dezenas de milhares de pessoas na Praça de São Pedro, onde abençoou os ramos colocados junto ao obelisco.
“Abraçada com amor, a cruz de Cristo não leva à tristeza, mas à alegria”, declarou, na sua homilia.
Neste domingo, recorda-se a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém, seis dias antes da sua morte, na qual, segundo o relato dos Evangelhos, foi saudado por uma multidão com ramos de palmeiras e oliveiras como sinal de alegria e paz.
A Semana Santa, o ciclo litúrgico mais importante do calendário católico, recorda os momentos que antecederam a prisão e execução de Jesus e culmina na Páscoa, na qual se celebra a ressurreição de Cristo.

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