Dois cardeais portugueses podiam ser o próximo Papa.



Dois cardeais portugueses podiam ser o próximo Papa, mas não estão entre os favoritos. Conheça o percurso de D. José Policarpo e D. Manuel Monteiro de Castro.


Atualmente com 118 cardeais com menos de 80 anos, o Colégio dos Cardeais conta com dois portugueses eleitores - D. José Policarpo, patriarca de Lisboa, e D. Manuel Monteiro de Castro. Podem suceder a Bento XVI, mas não estão entre os favoritos.

O primeiro chegou a pedir, em fevereiro de 2011, a renúncia ao Patriarcado, porque nesse mês faria 75 anos, a idade limite para o exercício do cargo. O Papa Bento XVI pediu-lhe para ficar por mais dois anos. D. José Policarpo aceitou.

Já suscitou controvérsia com algumas declarações. Em 2009, pediu às jovens portuguesas para pensarem duas vezes antes de casarem com um muçulmano, porque caso contrário podiam encontrar um «monte de sarilhos que nem Alá sabe onde terminam». Na altura, a Amnistia Internacional classificou as suas palavras como «discriminatórias e separativas», fomentando a «intolerância».

Sobre a educação sexual, disse em 2007 que «é bem-vinda e necessária», mas para ser «verdadeira» tem de ser feita na «perspetiva da castidade».

Já em outubro de 2012, D. José Policarpo criticou as manifestações contra as políticas de austeridade. «O que está a acontecer é uma corrosão da harmonia democrática da nossa Constituição e do nosso sistema constitucional», afirmou, defendendo que não deve ser a rua a dizer como se deve governar.

É Patriarca de Lisboa desde 1998 e cardeal desde 2001 (pelo anterior Papa João Paulo II), pelo que assume o título conjunto de Cardeal-Patriarca de Lisboa desde essa altura.

Tem 76 anos, nasceu a 26 de fevereiro de 1936, em Alvorninha, Caldas da Rainha. É o mais velho de nove irmãos. No currículo escolar, constam os estudos de filosofia e teologia nos seminários de Santarém, Almada e Olivais.

Foi ordenado sacerdote em agosto de 1961. Licenciou-se, mais tarde, em 1968, em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Dez anos depois foi nomeado bispo-auxiliar de Lisboa e, já em 1997, arcebispo coadjutor, com direito de sucessão. Foi, ainda, professor na Universidade Católica nos anos 1971, 1977 e 1986. Esteve à frente da Faculdade de Teologia da mesma universidade entre 1974 e 1980, cargo que repetiu entre 1985 e 1988, ano em que se estreou como reitor da UCP, até 1992.

Foi em 1998, dia 24 de março, que foi nomeado 16º Patriarca de Lisboa, na sequência do falecimento de D. António Ribeiro. Marcou presença no Conclave de 2005, que elegeu Joseph Ratzinger como Papa.

D. Manuel Monteiro de Castro

Há precisamente um ano, D. Manuel Monteiro de Castro proferiu uma frase que suscitou alguma polémica: «A mulher deve ficar em casa», a sua «função essencial».

Entende que a difícil situação de Portugal fica a dever-se ao «pouco apoio que o Estado dá à família». «A mulher deve poder ficar em casa, ou, se trabalhar fora, num horário reduzido, de maneira que possa aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos».

Tem 74 anos e foi nomeado cardeal precisamente pelo Papa Bento XVI em janeiro de 2012, altura em que proferiu tais declarações.

Foi ordenado presbítero da Arquidiocese de Braga em julho de 1961 e, em 1985, foi nomeado Arcebispo Titular. Ponto de partida para uma longa carreira diplomática em nome da Santa Sé: foi Núncio Apostólico em vários Estados, como Espanha (entre 2000 e 2009).

Também desempenhou funções como secretário da Congregação para os Bispos, no Vaticano, cargo para o qual foi nomeado em 2009, pelo atual Papa, que o escolheu também para Penitenciário-Mor do Tribunal da Penitenciária Apostólica, em janeiro de 2009, um dia antes de se ter tornado Cardeal.

José Saraiva Martins é outro cardeal português mas, como tem mais de 80 anos, não tem poder de voto.

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