Responsáveis pela gestão interina da Santa Sé e pela realização do próximo Conclave estão sujeitos a juramento de segredo
Os cardeais da Igreja Católica
assumem a partir de hoje o governo da instituição, após o final do
pontificado de Bento XVI, que renunciou ao mesmo, e até à eleição de um
novo Papa.
O decano [figura que preside ao Colégio Cardinalício como primeiro
entre pares], D. Angelo Sodano, vai convocar esta sexta-feira todos os
cardeais para que se reúnam no Vaticano, nas chamadas “congregações”,
órgão de governo interino da Igreja.
Durante este período de Sé vacante, os cardeais são chamados, sob
juramento, a "guardar escrupulosamente o segredo sobre tudo aquilo que,
de qualquer modo, se relacione com a eleição do romano pontífice, ou
que, por sua natureza, durante a vacância da Sé Apostólica, postule o
mesmo segredo".
O Colégio Cardinalício não tem poder ou jurisdição alguma no que se refere às questões da competência do Papa.
O período que vai da renúncia do Papa à eleição do seu sucessor (Sé
vacante) está legislada pelas leis eclesiásticas, em particular pela
Constituição Apostólica “Universi Dominici Gregis” (UDG) de João Paulo
II, datada de 22 fevereiro 1996.
“Durante a vagatura da Sé Apostólica, o Colégio dos cardeais não tem
poder ou jurisdição alguma no que se refere às questões da competência
do sumo pontífice, enquanto estava vivo ou no exercício das funções do
seu ofício; todas essas questões deverão ser exclusivamente reservadas
ao futuro pontífice”, lê-se no número 1 da UDG.
A presidência do período de Sé Vacante, de acordo com a autoridade prevista pela “Universi Dominici Gregis”, compete ao cardeal camerlengo, D. Tarcisio Bertone, o atual secretário de Estado do Vaticano.
Todos os responsáveis dos dicastérios da Cúria Romana cessam o
exercício das suas funções: excetuam-se o cardeal camerlengo, com um
papel de chefe interino da Igreja, e o penitenciário-mor (o cardeal
português D. Manuel Monteiro de Castro), visto que o Tribunal da
Penitenciaria Apostólica se ocupa de assuntos relacionados com o foro
interno.
Os secretários dos dicastérios mantêm-se em funções e respondem
perante os cardeais reunidos no Vaticano, que se reúnem quer em
congregação geral (todos os cardeais) quer em congregação particular.
A primeira é presidida pelo cardeal decano (D. Angelo Sodano) e
resolve as questões mais importantes; a segunda é formada pelo cardeal
camerlengo e por três cardeais (designados por sorteio), tendo como
competência os assuntos ordinários.
O número de cardeais neste momento é de 207, 117 dos quais com
direito a voto no conclave para a eleição do Papa - podendo renunciar a
essa possibilidade em caso de doença ou caso grave, uma decisão que tem
de contar com a aprovação do Colégio Cardinalício.
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