Teto da Capela Sistina completa 500 anos

Santa Sé descarta hipótese de limitar entradas de visitantes, quase 5 milhões por ano, que querem ver pinturas de Miguel Ângelo

Bento XVI vai presidir hoje à celebração da oração de vésperas na Capela Sistina, do Vaticano, para comemorar o 500.º aniversário da inauguração do teto pintado por Miguel Ângelo (1475-1564) entre 1508 e 1512.
A Santa Sé anunciou hoje que a cerimónia vai ter início pelas 18h00 (hora local, menos uma em Lisboa).
A decoração do espaço de 1100 metros quadrados foi confiada ao pintor, escultor e arquiteto italiano por Júlio II, Papa entre 1503 e 1513, que assinalou o final da obra com o rito solene das vésperas de todos os Santos, há 500 anos.
Segundo o jornal do Vaticano, a capela é visitada todos os dias por "10 mil pessoas, com picos de 20 mil nos períodos de máxima afluência turística", num total de quase 5 milhões por ano.
"São pessoas de todas as proveniências, línguas e culturas. De todas as religiões ou de nenhuma", refere o diretor dos Museus do Vaticano num artigo publicado pelo 'Osservatore Romano', acrescentando que a "adoção do número limitado [de visitantes] não será necessária" a breve prazo.
A Capela Sistina deve o seu nome a Sisto IV, Papa entre 1471 e 1484, que promoveu as obras de restauro da antiga Capela Magna a partir de 1477.
Júlio II, sobrinho do Papa Sisto, decidiu modificar parcialmente a decoração do espaço, confiando a tarefa a Miguel Ângelo, que pintou a abóbada e a parte alta das paredes  com cerca de 300 figuras: nos nove quadros centrais estão representadas histórias do Génesis, primeiro livro da Bíblia, desde a criação ao dilúvio.
De dimensões iguais ao templo do rei Salomão, em Jerusalém – 40,5 metros de comprimento, 13,2 de largura e 20,7 de altura -, a capela que alberga os Conclaves dos últimos séculos, onde são eleitos os Papas, ficou assim conhecida pelos seus frescos de temática bíblica.
A Sistina começou por ter elementos do século XV, como as histórias de Moisés e de Cristo, além dos retratos dos Papas, trabalho que foi executado por uma equipa de pintores originalmente formada por Pietro Perugino, Sandro Botticelli, Domenico Ghirlandaio e Cosimo Rosselli.
Perto do final de 1533, o Papa Clemente VII encarregou novamente Miguel Ângelo de modificar a decoração da Sistina, pintando na parede do altar o Juízo Final.
João Paulo II (1920-2005) fez referência a esta obra na Constituição Apostólica ‘Universi Dominici Gregis’, sobre a eleição do Papa, quando escreveu: “Disponho que a eleição continue a desenrolar-se na Capela Sistina, onde tudo concorre para avivar a consciência da presença de Deus, diante do qual deverá cada um apresentar-se um dia para ser julgado”.


Notícia atualizada às 15h15

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