É preciso encher o coração de esperança cristã, a virtude silenciosa que nos leva à intimidade com Deus na oração, que conduz a fé e a caridade levando-as pela mão.
O mundo em que vivemos precisa muito da esperança que imerge da noite escura que se revelou na luz de Cristo Ressuscitado e no seu mistério pascal. O tempo do Advento ajuda-nos a mergulhar na profundidade da fé e da esperança messiânica em busca da autenticidade da promessa, que se cumpre na chegada da luz na noite santíssima de Belém.
“Precisamos muito dela nesta época que parece obscura, na qual às vezes nos sentimos perdidos diante do mal e da violência que nos circundam, perante a dor de tantos nossos irmãos. É necessária a esperança!” (Papa Francisco, Alegres na Esperança).
É preciso percorrer as etapas da esperança: a esperança para acreditar; a esperança para escutar; a esperança para acolher; a esperança para amar; a esperança para perdoar; a esperança para servir; a esperança para partilhar e testemunhar. “Advento. Deus vem. Deus vem, Deus saúda, Deus fala, Deus ama, Deus chama, Deus ordena, Deus escuta, Deus responde, Deus envia” (Mensagem de Advento da CEP).
Isaías anuncia com a alegria a vinda do Messias e alimenta-nos da força da esperança que entrou no mundo, com a Encarnação do Filho de Deus. “Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho, ao qual será dado o nome de Emanuel” (Is 7,14).
Cristo entra no mundo e dá-nos a força para caminhar com Ele: Deus caminha ao nosso lado em Jesus, e caminhar com Ele rumo à plenitude da vida é encontrar a energia de viver o presente de maneira nova, embora em situações de dificuldade.
A esperança é uma virtude dinâmica, nunca está parada, está sempre a caminhar no horizonte da plenitude e da vida, por isso é também uma virtude escatológica.
O tempo de Advento é cheio de oportunidades, inspirado pela fé confiante na chegada do Messias, Kairós da salvação. Na doação deste dom, no qual Deus pela gratuidade da graça se oferece de uma forma nova a todo o género humano. Como o nosso Plano Pastoral Diocesano aponta: “BATIZADO, ALIMENTA-TE NA ESPERANÇA”. Aproveitemos os desafios e as propostas de Catequese do Secretariado Diocesano da Educação Cristã, para fazer a peregrinação de Advento na vigilância, na alegria e na esperança. Valorizemos e aproveitemos os meios que temos ao nosso alcance e criemos novas oportunidades de conversão e renovação pastoral, servindo-nos dos meios informáticos.
O caminho do Advento ajuda-nos a sair da inércia pastoral, convida-nos a contemplar a graça da novidade de Deus, sempre criadora e renovadora, presente através de sinais, de símbolos visíveis, que se podem tocar e nos mostram a certeza de que Deus nos ama e nunca abandona o seu povo.
É preciso saber educar e formar para a lógica da esperança humana e cristã, despertar a consciência de todos para viver com alegria e confiança esta virtude que sendo teologal, é também de bem-aventurança eterna. Devemos encorajar-nos a reavivar a nossa esperança, devemos ser num mundo sofredor e esfacelado pela dor e sofrimento, profetas da esperança.
O povo de Israel alimentou de esperança a sua vida e nesta expectativa ultrapassou o frio próprio do cansaço, da desilusão, do exílio, fazendo do tempo do Advento um oásis de esperança. Os profetas convidam-nos a acreditar e a confiar no Senhor. Isaías, o grande profeta do Advento, o grande mensageiro da esperança messiânica, convida-nos a preparar os caminhos do Senhor e a esperar os dons da salvação.
Maria aparece-nos no tempo do Advento, como a Mãe da Esperança. Com o seu “sim” abriu a Deus a porta do nosso mundo. O seu coração de jovem estava cheio de esperança, totalmente animada pela fé e assim Deus a escolheu e ela acreditou na sua palavra. Ela é a isenta de pecado, a Imaculada, a Nova Eva, que celebramos com alegria em ambiente de festa no dia 8 de dezembro.
Todo o caminho do Advento é marcado pela presença de Maria. Ela torna-se a Estrela da manhã, a esperança cristã sólida, que não desilude e anuncia o alvor do novo dia, a mulher que com o nascimento do Salvador traz ao mundo a luz do eterno Pai. “Levanta-te! Olha em frente, olha para o horizonte, porque Ela é a Mãe da Esperança” (Papa Francisco).
O Advento é um tempo de mudança, de conversão e de esperança. “Celebrar o Advento é deixar entrar em nós esta torrente de Bondade, esta Saudação, este Shalôm, esta Paz, este “Bom-Dia”, este “Cuida de mim”. E responder “Bom-Dia!” e responder que “Sim” (Mensagem da CEP para o Advento: “Deus vem e enche o nosso tempo de Bom-Dia”!).
A missão de João Batista é preparar o coração dos crentes para acolher a vinda do Messias, para receber este “Bom-Dia” de Deus na nossa vida. “Alegres na esperança” (Rm 12,12), vivendo esta virtude num mundo novo e mais solidário para ajudar os cristãos e todas as pessoas a caminhar para o Natal.
† António Luciano,
Bispo de Viseu
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