Um futuro incerto e desconhecido paira no horizonte da vida das
pessoas, das instituições públicas, eclesiais e sociais. Apesar de tudo
temos que manter viva a chama da fé e da esperança e programar o
regresso ao trabalho, à escola, à igreja, à catequese, à pastoral às
atividades de cada dia indispensáveis à catequese, à pastoral, às
atividades de cada dia de um modo responsável.
O medo do futuro, do amanhã desconhecido, a incerteza sem resposta, a
espera de uma vacina para todos, com a possibilidade de realizarmos
coisas novas, mas também diferentes é para muitos de nós uma utopia. O
futuro é comandado pelo sonho, mas hoje é uma grande dor de cabeça para
muitos, um desafio para toda a humanidade, pois esta pandemia
colocou-nos a todos no mesmo barco, onde todos somos responsáveis pela
sua chegada a um porto seguro.
A fé e a esperança cristã tem as suas raízes no Mistério Pascal de
Cristo. Com a sua ressurreição Ele venceu o pecado e a morte e tornou-se
fonte de Vida. O amor venceu a morte! A semente lançada à terra tem que
germinar primeiro para depois crescer e dar fruto. Todos esperamos pelo
fim desta pandemia com expectativas novas, e com a esperança que paira
no horizonte da nossa existência.
Como vai ser o mundo de amanhã? Como vai ser o futuro da Igreja? Como
vai funcionar a escola? Como é o regresso à nova normalidade? Diante da
crise económica e social, como vai ser a dimensão do trabalho?
O aumento do desemprego, da pobreza e da fome podem ser amanhã o
maior flagelo da humanidade. Vamos ouvindo vozes positivas e clamores
negativos diante de tão grande calamidade que se instalou no nosso
mundo. A esperança e a confiança na Providência Divina, mesmo perante os
sinais negativos e as muitas nuvens que ensombram a humanidade, devem
ser vistas na perspetiva da revelação cristã. Deus nunca nos abandona.
Com Ele vamos vencer juntos, tudo será diferente, mas acreditamos que
tudo será melhor.
Nunca o valor da experiência cristã num futuro melhor esteve tão
presente na vida do ser humano e das instituições da nossa sociedade.
Estamos todos diante de grandes interrogações e desafios como nos ensina
a “Gaudium et Spes”, quer a nível da dimensão humana, social, eclesial e
económica que hoje se apresentam ao nosso mundo.
Esta pandemia alterou o ritmo da vida das pessoas e do seu modo de
estar e conviver em sociedade. Cresceram exponencialmente os infetados
pela pandemia em todo o mundo, o número de mortos, as estatísticas falam
dos pobres e desprotegidos, apareceu um número incontornável de
refugiados, todas as estruturas da sociedade e da civilização programada
para o século XXI foram abaladas.
Todas as decisões a tomar precisam hoje de um grande discernimento,
ponderação e prudência, para que os resultados obtidos possam ser os
melhores.
O futuro a Deus pertence diz o povo, mas é precisamente a previsão do
futuro que hoje preocupa mais o coração e a vida das pessoas. Todos
esperamos que depois desta pandemia, sejamos melhores.
Se o futuro a Deus pertence nós queremos prepará-lo no presente bem,
com qualidade e valores, onde se destaca a prevenção, a proximidade, o
cuidado, a generosidade, a responsabilidade e a prudência.
Mas em termos concretos o que significa a esperança ao tomarmos estas medidas?
Precisamos todos de fazer esforço para regressar ao trabalho, à
universidade, à escola, à creche, à Igreja, à catequese, às aulas de
religião e moral, ao desporto, ao lazer, a uma convivência sadia, mesmo
no contexto de uma nova normalidade, que nos desafia a viver um estilo
positivo em todo o nosso agir.
O importante é cumprir as orientações da DGS e com a nossa prudência
cuidar do futuro, porque como diz o povo “vale mais prevenir que
remediar”.
A esperança como virtude teológica é também um sonho que se recria no nosso espírito em cada manhã.
Temos que saber dar razões da nossa esperança.
Que a Senhora da Esperança ilumine sempre os caminhos da nossa vida e do nosso futuro.
† António Luciano,
Bispo de Viseu
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