NOSSA SENHORA DA ESPERANÇA, moldura do Advento

O alcance e a importância da devoção dos cristãos a Maria , Mãe de Jesus e dos Homens, corporizou-se ao longo dos séculos.
Esse alcance e importância materializaram-se nas inúmeras titulações sob as quais é invocada, algumas comuns a toda a Igreja, outras circunscritas a determinadas regiões ou pequenas comunidades, bem como nas inúmeras celebrações, festas, igrejas, altares, monumentos evocativos, etc., que lhe são dedicados.
A invocação de Nossa Senhora com o título da Esperança encontra-se associada a duas vertentes, que se complementam:
– a gravidez da Virgem Maria, pela Esperança que transportava no seu ventre;
– a esperança que ela representa para todos os que a invocam.
A devoção a Nossa Senhora do Ó foi particularmente expressiva no período medieval, pelo que a proibição da representação da maternidade de Maria com o Concílio de Trento, suscitou a sua substituição pelas invocações de Nossa Senhora da Expectação e de Nossa Senhora da Esperança. Na iconografia, a tradicional representação da Virgem com o ventre proeminente pelo estado de gravidez, foi substituída pela sua figuração com o Menino ao colo, Ele que representa a esperança da salvação para a humanidade. Entre as várias esculturas do diocese de Viseu com esta invocação destacamos a imagens de Nossa Senhora da Esperança da capela da povoação de Abrunhosa, freguesia de São Miguel de Vila Boa, concelho de Sátão, e a do Santuário de Mouraz, concelho de Tondela. Nestes espaços religiosos o culto a Nossa Senhora da Esperança assume grande relevância, atraindo muitos fiéis. Na escultura da capela de Cagido (paróquia de Óvoa, Santa Comba Dão) a presença de um fruto na mão direita de Nossa Senhora reforça o simbolismo do fruto que transportou no ventre, o Menino, que segura com o braço esquerdo. Na igreja paroquial de Senhorim, dedicada a Nossa Senhora da Esperança, a imagem da Virgem, executada em calcário, encontra-se sentada, com o Menino ao colo, e a ligação entre Mãe e Filho é reforçada pela pomba do Espírito Santo, que ambos seguram.
Maria, que viveu as virtudes da Fé, da Esperança e da Caridade, como uma Mãe está sempre atenta às necessidades dos filhos, representa, assim, a esperança para todos os que invocam o seu auxílio para os dificuldades pessoais e da humanidade. Ela é a mediadora privilegiada junto de Deus, pelo que na liturgia é referida como a Esperança dos desesperados. Sob a proteção de Nossa Senhora da Esperança Pedro Álvares Cabral realizou a viagem da “descoberta” do Brasil, transportando uma imagem da Virgem consigo. Plasticamente, para além da tradicional representação de Nossa Senhora com o Menino ao colo, esta fé na Mãe da Esperança, na qual se vão ancorar as esperanças dos cristãos, traduz-se na sua figuração sem o Menino e com uma âncora aos pés, como exemplificam as duas esculturas do Seminário Maior de Viseu, dedicado a Nossa Senhora da Esperança, desde a sua fundação em 1587.
O olhar, a presença de fé e de esperança de Maria, acompanha de forma especial a caminhada silenciosa do Advento, de preparação, de libertação, de conversão e de espera por aquele que Ela recebeu no seu seio para O oferecer ao mundo.

(Diocese de Viseu, 02 de dezembro de 2017)

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