Celebração inspirou-se na experiência do Jubileu da Misericórdia e vai celebrar-se no penúltimo domingo do ano litúrgico.
O
Papa decidiu instituir um “Dia Mundial dos Pobres” na Igreja Católica,
que vai ser celebrado no penúltimo domingo do ano litúrgico, revelou
hoje o pontífice numa nova carta apostólica.
A
celebração é inspirada no Ano Santo da Misericórdia (dezembro
2015-novembro 2016), que se concluiu este domingo e, particularmente, no
‘Jubileu das Pessoas Excluídas Socialmente’, que se celebrou no
Vaticano a 13 de novembro, dia em que se fecharam as Portas Santas em
todas as catedrais e santuários do mundo.
“Intuí
que, como mais um sinal concreto deste Ano Santo extraordinário, se
deve celebrar em toda a Igreja, na ocorrência do XXXIII Domingo do Tempo
Comum, o Dia Mundial dos Pobres”, escreve Francisco, na carta
apostólica ‘Misericórdia e mísera’, com a qual marca o final do Jubileu.
O
Papa explica que vê nesta nova celebração a “mais digna preparação para
bem viver a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo”,
que encerra o ano litúrgico na Igreja Católica, evocando a sua
identificação com os “mais pequenos e os pobres”.
O “Dia Mundial dos Pobres” quer ajudar as comunidades e cada batizado a “refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho”
“Não
podemos esquecer-nos dos pobres: trata-se dum convite hoje mais atual
do que nunca, que se impõe pela sua evidência evangélica”, sustenta.
Francisco
defende que “não poderá haver justiça nem paz social” enquanto “Lázaro
[nome dado por Jesus a um pobre numa das suas parábolas] jazer à porta
da nossa casa”.
A
iniciativa pretende ainda “renovar o rosto da Igreja” na sua ação de
conversão pastoral para que seja “testemunha da misericórdia”.
O
Papa deixa votos de que a Igreja Católica saiba dar vida a “muitas
obras novas” que manifestem essa misericórdia, indo ao encontro dos que
padecem a fome e a sede, “sendo grande a preocupação suscitada pelas
imagens de crianças que não têm nada para se alimentar”.
Francisco
elenca vários campos que exigem respostas concretas, como as migrações,
as doenças, as prisões, o analfabetismo ou a ignorância religiosa.
A
carta apostólica elogia os “muitos sinais concretos de misericórdia”
que foram realizados durante o último Ano Santo, mas recorda que isso
“não basta”, perante “novas formas de pobreza espiritual e material, que
comprometem a dignidade das pessoas”.
O
Papa recorda os desempregados, os sem-abrigo e sem-terra, as crianças
exploradas e todas as situações que exigem uma “cultura de misericórdia”
que combata a indiferença e a desconfiança entre seres humanos.
“As
obras de misericórdia, tocam toda a vida duma pessoa. Por isso, temos
possibilidade de criar uma verdadeira revolução cultural precisamente a
partir da simplicidade de gestos que podem alcançar o corpo e o
espírito, isto é, a vida das pessoas”, precisa.
A
carta apostólica conclui-se com a convicção de que se vive “o tempo da
misericórdia” para todos os que sofrem, das mais diversas formas.
“Existem
muitos sinais concretos de bondade e ternura para com os mais humildes e
indefesos, os que vivem mais sozinhos e abandonados. Há verdadeiros
protagonistas da caridade, que não deixam faltar a solidariedade aos
mais pobres e infelizes”, refere o Papa.
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