Itinerário que leva da Quinta-feira Santa à Páscoa é o mais importante no calendário litúrgico católico.
O Papa Francisco apresentou hoje no Vaticano uma
reflexão sobre o Tríduo Pascal, itinerário celebrativo que leva da
Quinta-feira Santa à Páscoa, que considerou como o “coração do ano
litúrgico” na Igreja Católica.
“O Tríduo Pascal é o memorial de um drama de amor que nos dá a certeza
de que nunca seremos abandonados nas provações da vida”, declarou,
perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a
audiência pública semanal.
“O Mistério que veneramos nesta Semana Santa é uma grande história de
amor que não conhece obstáculos”, acrescentou.
A Igreja Católica começa esta quinta-feira a celebrar os dias mais
importantes do seu calendário litúrgico, que assinalam os momentos do
julgamento, morte e ressurreição de Jesus, culminando na Páscoa.
“Na Quinta-feira Santa, com a instituição da Eucaristia e o lava-pés,
Jesus ensina-nos que a Eucaristia é o amor que se faz serviço”, explicou
o Papa.
Segundo Francisco, a Eucaristia é “a presença sublime de Cristo” que
deseja alimentar todos, “sobretudo os mais fracos”, promovendo uma
“comunhão de vida” com os necessitados.
Este conjunto de celebrações do Tríduo Pascal remontam ao século IV,
seguindo as indicações deixadas pelos Evangelhos sobre a Paixão de Jesus
Cristo, que para o Papa “dura até o fim do mundo, porque é uma história
de partilha com os sofrimentos de toda humanidade”.
“Na Sexta-feira Santa chegamos ao momento culminante do amor, um amor
que quer abraçar todos sem excluir ninguém, com uma entrega absoluta”,
afirmou.
O Sábado Santo, tal como a sexta-feira, é um dia dito ‘alitúrgico’, isto
é, sem celebração da Eucaristia ou de outros sacramentos, o “dia do
silêncio de Deus”, referiu o Papa.
“Deve ser um dia de silêncio. Devemos fazer de tudo para que seja um dia
de silêncio para nós, como foi naquele tempo, o dia do silêncio de
Deus”, apelou.
Neste dia, explicou Francisco, “Jesus partilha com toda a humanidade o
drama da morte, não deixando espaços onde a misericórdia infinita de
Deus não chegue”.
“Neste dia, o amor não duvida, como Maria, a primeira crente - ela não
duvidou, guardou silêncio e esperou. O amor que espera com confiança na
Palavra do Senhor até que Cristo ressuscite esplendoroso no dia de
Páscoa”, prosseguiu.
Para explicar este silêncio, Francisco citou a experiência de Santa
Juliana de Norwich (1342-1416), mística inglesa, que teve uma visão da
Paixão de Cristo na qual Jesus afirmou que, se pudesse, teria sofrido
“ainda mais”.
“Este é o nosso Jesus, que diz a cada um de nós: se pudesse sofrer ainda
mais por ti, assim faria”, concluiu.
Após a catequese, o Papa saudou os peregrinos presentes na Praça de São
Padro, entre eles os de língua portuguesa, particularmente o grupo das
religiosas Filhas de Maria Auxiliadora, acompanhadas por educadores de
Portugal, Brasil, Angola e Moçambique.
“Deixai-vos iluminar e transformar pela força da Ressurreição de Cristo,
para que as vossas existências se convertam num testemunho da vida que é
mais forte do que o pecado e a morte. Um Santo Tríduo Pascal para
todos”, desejou.
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