Quem pergunta...: situação dos recasados perante a Igreja?

Se o Bispo ou o Tribunal Eclesiástico não declarar a nulidade do seu matrimónio, qual é a situação dos recasados, perante a Igreja?

Se não for possível declarar a nulidade do matrimónio, as pessoas continuam unidas pelo vínculo matrimonial com quem se casaram e de quem, possivelmente, já se separaram ou divorciaram civilmente. Tendo contraído matrimónio civil com terceira pessoa, estão em situação irregular perante a Igreja.
Isto não quer dizer que estejam excomungados/as, pois não o estão de todo e podem/devem manter a sua relação com Deus no íntimo do seu coração e com a Igreja na medida da prudência que a sua situação requer. A este propósito, esperam-se orientações pastorais mais precisas, vindas do Sínodo dos Bispos deste mês de Outubro.

Falámos já do conselho para a introdução das causas de nulidade de matrimónio que deveria incluir pessoas capazes de acolher os que desejam saber da verdade do seu matrimónio para a regularização da sua situação eclesial. Se é bom que esse conselho inclua gente ligada ao CPM (Centro de Preparação para o Matrimónio) é sumamente desejável que tenha pessoas ligadas aos movimentos de acompanhamento de casais (como as Equipas de Nossa Senhora) e de grupos de acompanhamento dos recasados, como por exemplo as Equipas de Santa Isabel.

O que são as Equipas de Nossa Senhora? É um movimento de espiritualidade conjugal que procura ajudar os casais na sua caminhada de partilha e comunhão de vida no matrimónio.
O que são as equipas de Santa Isabel? São grupos de cristãos comprometidos na pastoral familiar que, inspirados no modelo do P. Caffarel, têm como missão acompanhar e integrar na comunidade eclesial os casais nessa situação de “irregularidade” e a família que, entretanto, reconfiguraram.
Porque a situação psicológica e espiritual dos “recasados” é delicada, é necessária uma pastoral adequada que os leve a libertarem-se do sentimento de serem vítimas de uma certa “injustiça”, já que parece ser-lhes imposto o jugo de um pecado sem perdão. Não é sem dor que este drama é por eles vivido e importa que os pastores o abordem com a “caridade pastoral” requerida.
Aqui surge também a necessidade de uma maior atenção a dar à preparação do matrimónio, porque a forma aligeirada e curta como se preparam os casamentos faz com que muitos cônjuges não cheguem a tomar consciência da profunda conversão de vida que tal propósito - casar-se - supõe.
Se a Igreja é a comunidade de salvação, a pastoral familiar, nas suas várias vertentes, tem de estar no centro das suas prioridades, pois que a família é a igreja doméstica, célula da Igreja de Cristo, onde há filhos doentes ou feridos que desejam ser curados e alimentados pelos sacramentos da mesma Igreja. Um desafio e uma responsabilidade que não se podem rejeitar.