Há localidades onde falta «quase tudo», alerta D. Ilídio Leandro
D. Ilídio Leando escreve sobre o
interior de Portugal, em concreto da ação da igreja e da realidade
social de Viseu caracterizada pelo “isolamento e solidão, esquecimento e
abandono, pobreza e despovoamento, distância e afastamento”.
“Aceites como regiões pobres e de não investimento pelas opções
políticas e governamentais, suscitam em quem ali vive sentimentos
contraditórios entre o infortúnio e a injustiça, o desprezo e a revolta,
o conformismo e o lamento, a luta e o desânimo”, assinala D. Ilídio
Leandro.
Na última edição do Semanário ECCLESIA,
dedicada à temática do «Interior», o prelado de Viseu carateriza que
esta geografia “acarreta”: “Isolamento e solidão, esquecimento e
abandono, pobreza e despovoamento, distância e afastamento”.
Quem vive nestas regiões sente necessidade de procurar noutros locais
“quase tudo”, como “emprego, saúde, escola, esperança, realização,
soluções e meios de desenvolvimento”.
Nesse sentido, “poderiam e deveriam desejar-se”, segundo D. Ilídio
Leandro, atitudes de respeito na aplicação de normas e de leis, por
exemplo, através da “fixação de institutos de serviço de proximidade”
necessários à população, como centros de saúde, policiamento, bancos,
escolas, tribunais.
O bispo, na sua análise, também foca assuntos atuais e mediáticos, como
o encerramento de escolas primárias no interior, em que das 311 escolas
nacionais que vão encerrar, 57 são de Viseu.
Aborda ainda a temática da “união de freguesias”, apontando que “Viseu é
a região nacional onde existem mais instituições sociais, de
solidariedade efetiva e de construção de subsidiariedade, na proximidade
e na vizinhança”.
D. Ilídio Leandro revela que nas vistas pastorais tem contato com
“situações e realidades” que “são verdadeira Universidade” na forma de
tratar, respeitar e cuidar pessoas frágeis e “que nada pedem ou exigem,
além de atenção e respeito”.
Na Diocese de Viseu, as 103 Instituições Particulares de Solidariedade
Social de matriz cristã e eclesial são exemplo desta “atenção e
respeito”, contabiliza o bispo, destacando que na diocese a Igreja “não
tem o monopólio do bem servir e do bem fazer na área do social”.
O bispo explicou que Viseu e Santarém “são os dois únicos distritos do
interior, pois não têm fronteiras nem com a Espanha nem com o mar” e que
em termos diocesanos, junta-se Lamego, “que se situa no mesmo distrito
de Viseu” e desta forma “são com toda a propriedade e com todas as
consequências o interior ‘profundo’”.
No artigo de opinião, D. Ilídio Leandro escreve também sobre “critérios
na aplicação das medidas”, onde questiona a forma de “ajudar, potenciar
e subsidiar estas características naturais de viver e conviver na
vizinhança e proximidade da natureza do interior”.
A Igreja e as suas instituições “não pedem algo para si próprias”,
assegura o prelado, mas “exigem” condições para responderem aos
interesses e necessidades das pessoas.
A Igreja “não pode sair da proximidade das pessoas e das aldeias”,
mesmo com a falta de vocações e consequente falta de sacerdotes mas
“deve renovar-se e organizar-se para estar mais próxima e mais
acolhedora” das pessoas mais idosas e mais isoladas.
D, Ilídio Leandro revela que este é “um dos grandes desafios” às
mudanças eclesiais necessárias que a Igreja e é um dos objetos de
reflexão e programação do atual Sínodo Diocesano.
Comentários
Enviar um comentário