Pontificado de sete anos e 10 meses chega ao fim após renúncia de Bento XVI
Bento XVI
despediu-se hoje dos fiéis como um “peregrino”, na última aparição
pública do pontificado, que se conclui às 20h00 de Roma (menos uma em
Lisboa) por decisão do Papa, que apresentou a sua renúncia.
“Sabeis que hoje é um dia diferente dos outros, já não sou Sumo
Pontífice da Igreja - sou-o até às oito da noite, depois já não -, sou
simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação
nesta terra”, declarou, desde a varanda do palácio apostólico de Castel
Gandolfo, arredores de Roma, propriedade da Santa Sé.
O futuro Papa emérito mostrou-se “feliz” à chegada a este local,
vindo do Vaticano, de onde tinha partido em helicóptero, sobrevoando a
Praça de São Pedro, às 17h07 de Roma.
“Quero ainda com o meu coração, com o meu amor, com a minha oração,
com a minha reflexão, com todas as minhas forças interiores, trabalhar
para o bem comum, para o bem da Igreja e da humanidade”, acrescentou, ao
som das palmas dos presentes e dos sinos.
Bento XVI, de 85 anos, concedeu uma bênção aos presentes, “do fundo
do coração”, convidando todos a avançar "juntos no Senhor, pelo bem da
Igreja e do mundo".
“Obrigado, boa noite, obrigado a todos vós”, foram as palavras finais
do pontificado, iniciado em abril de 2005, por volta das 17h41 locais,
após um discurso com pouco mais de dois minutos.
A Igreja Católica não tinha visto qualquer Papa resignar desde 1415, com a abdicação de Gregório XII.
Bento XVI deverá manter-se no palácio apostólico de Castel Gandolfo,
propriedade da Santa Sé, durante um período de pelo menos dois meses,
segundo o Vaticano.
Joseph Ratzinger irá morar posteriormente, já após a eleição do seu
sucessor, num edifício que foi sede de um mosteiro de irmãs de clausura
no Vaticano até há alguns meses e foi alvo de obras de renovação.
O momento final do pontificado de Bento XVI é assinalado pela partida
da Guarda Suíça e o encerramento dos portões da residência pontifícia.
Joseph Ratzinger realizou 24 viagens ao estrangeiro, incluindo um
visita a Portugal, entre 11 e 14 de maio de 2010, com passagens por
Lisboa, Fátima e Porto.
No total, as viagens pontifícias tiveram como destino prioritário a
Europa (16), seguindo-se a América (3), o Médio Oriente (2), a África
(2) e a Oceânia (1); a estas somam-se 30 visitas em solo italiano.
Bento XVI assinou três encíclicas: ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), ‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) e ‘Caritas in Veritate’ (A caridade na verdade).
Também presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude (Colónia,
Sidney e Madrid), para além de ter convocado cinco Sínodos dos Bispos,
um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé, que ainda decorre.
Em 2012, Bento XVI encerrou a sua trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’
com um livro sobre a infância de Cristo, dois anos após a publicação do
livro-entrevista «Luz do Mundo», resultante de uma conversa com o
jornalista alemão Peter Seewald.
No pontificado de Bento XVI foram canonizados 44 santos em 10
cerimónias, incluindo o português Nuno de Santa Maria, D. Nuno Álvares
Pereira, a 26 de abril de 2009; Portugal conta também com duas novas
beatas: Rita Amada de Jesus (beatificada a 28 de maio de 2006, em Viseu)
e a Madre Maria Clara (21 de maio de 2011, Lisboa)
Comentários
Enviar um comentário