Vaticano: Papa alerta para «privatização» da fé.

Bento XVI destaca importância da Igreja para contrariar tendências individualistas

Bento XVI manifestou-se hoje contra a tendência de “relegar” a fé para a esfera do privado, uma atitude que “contraria” a sua natureza comunitária, e disse que a Igreja é necessária para evitar o individualismo.
“Num mundo em que o individualismo parece regular as relações entre pessoas, tornando-as cada vez mais frágeis, a fé chama-nos a ser Igreja, portadores do amor e da comunhão de Deus”, afirmou o Papa, na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro, Vaticano.
Prosseguindo um ciclo de catequeses dedicado ao Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), Bento XVI defendeu que a pertença à Igreja “confirma” os fiéis e permite “a experiência dos dons de Deus: a sua Palavra, os Sacramentos, o apoio da graça e o testemunho do amor”.
“O ato de fé é um ato profundamente pessoal que marcar uma mudança de direção, uma conversão, mas este ato não é o produto da minha reflexão solitária, é o fruto de uma relação, de um diálogo com Jesus”, observou.
Segundo o Papa, “acreditar é um ato eclesial” e a fé da Igreja “precede” a fé pessoal.
“Eu ‘acredito’, mas o meu acreditar não é resultado de um reflexão solitária, mas o fruto de uma relação com Jesus, na fé que me é dada por Deus através da comunidade crente que é a Igreja: a fé nasce na Igreja, conduz a ela e nela se vive”, precisou.
Bento XVI apresentou uma síntese desta catequese, em português, na qual destacou que “a Igreja é o espaço da fé”.
“Precisamos da Igreja para ter a garantia que a nossa fé corresponde à mensagem originária de Cristo, pregada pelos Apóstolos”, declarou.
O Papa saudou os peregrinos de língua portuguesa, entre os quais fiéis vindos de São Tomé e Príncipe: “Deixai-vos plasmar pela fé da Igreja, pois esta, apesar das dificuldades, fará de vós janelas abertas para a luz Deus, de modo que a recebendo, possais transmiti-la ao mundo”.
No final das habituais saudações em vários idiomas, Bento XVI gracejou com o mau tempo, dizendo que “podia ser pior”, e agradeceu a "paciência" dos peregrinos, que tiveram de suportar a chuva e o vento.

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